O ano de 2013 terminou com, praticamente, todos os indicadores socioeconômicos positivos, apesar da crise mundial do petróleo, e a presidenta Dilma, com 65% de aprovação ótimo/bom, caminhava para uma reeleição tranquila.
Porém, indícios de golpe já pairavam no ar. As amplas manifestações nacionais sincronizadas e amplamente divulgadas pela mídia (Estopim fútil de aumento da tarifa de ônibus em R$ 0,20 em São Paulo e as movimentações para a troca da diplomacia americana com imposição de uma diplomata com histórico golpista na América Latina foram dois deles).
A partir de 2014, ano eleitoral, o golpe começou a se materializar. Em maio, foi lançada a operação Lava Jato com enorme repercussão diária em toda a grande mídia, em total sintonia com as cenas teatrais proporcionadas por membros dos poderes legislativo e judiciário, e encabeçada por hoje conhecidos notórios corruptos, como Eduardo Cunha. Mesmo assim, a presidenta Dilma foi reeleita e empossada, mas não pode mais exercer a função; o seu governo e o país foram paralisados. Nenhuma matéria de interesse do executivo foi aprovada no Congresso que, ao mesmo tempo, aprovava pautas-bomba onerando mais e mais o orçamento. A Lava Jato, sob a falsa alegação de combater a corrupção, iniciou um processo de destruição de mais de uma dezena de grandes empresas brasileiras, paralisou obras, provocou demissões em massa com elevação rápida do nível de desemprego (Em 10.2014, o desemprego estava em 4,8%, menor índice na história do país). Em 2015, todos os indicadores socioeconômicos haviam se deteriorado.
O processo do impeachment foi aberto em 2015 e, em 31.08.2016, ele ocorreu sob alegação de “pedaladas fiscais” em votação com discursos politico-ideológicos inflamados no Congresso, sem entrar no mérito do motivo do impeachment. Mas, o golpe não estava concretizado ainda. Apesar de todo esse fuzilamento, Lula detinha, ainda, grande prestígio popular e caminhava tranquilo para uma vitória em 2018. Golpe que é bom, precisa ser completo. Lula foi condenado num processo claramente político, preso e impedido de concorrer em 2018.
Foi nesse cenário artificial catastrófico que um personagem político medíocre, sem qualquer credenciamento para nada, pode se eleger; Bolsonaro torna-se presidente.
Hoje, as duas provas cabais do golpe estão comprovadas pelos seus próprios agentes:
- Em 16.03.2022, o MPF arquivou o processo das pedaladas fiscais contra Dilma, o ex-Ministro da Economia, Guido Mantega e o ex-secretário do Tesouro Nacional, Arno Agustin alegando que os implicados agiram de boa fé e em conformidade com as práticas do Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão, conclusão essa atestada pelo Tribunal de Contas da União e Corregedoria do Ministério da Economia. Quer seja, o impeachment foi político, não houve crime de responsabilidade.
- Em 14.03.2021, o plenário do STF, por grande maioria (8 a 3), anula a operação Lava Jato e considera o Juiz Sérgio Moro suspeito por sua atuação no processo. Lula é solto e adquire os direitos de cidadão, inclusive de concorrer à presidência. Todos os processos contra Lula da Lava Jato foram redirecionados para suas respectivas instâncias jurídicas, Lula foi absolvido em muitos e todos os outros foram arquivados por falta de materialidade objetiva. Assim, Lula é hoje um candidato que, depois de mais de 40 anos de vida pública, não possui nenhuma condenação, nenhum processo em andamento e tem o seu patrimônio considerado compatível com os rendimentos, conforme relatório da própria PF.
O contragolpe irá se materializar, cabalmente, agora em 30 de outubro de 2022 quando o povo, em reação coletiva contra o engodo que lhe foi aplicado, irá eleger Lula presidente para o terceiro mandato.
Finalmente, chegou a vez do eleitor: Lula / Alckmin para a presidência, Haddad governador de São Paulo.
Saudações.
César Cantu
São Paulo, 13.10.2022
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