A Chapa Boulos / PT, para lograr êxito, exigirá uma estratégia de luta prevalecente sobre a ideologia de luta, muito maior do que exigiu a vitória do Lula.
Os seguntes pontos fracos impeditivos à vitória, além de outros a serem levantados, devem ser neutralizados:
Chapa pura de esquerda: Ensejará forte reação com temas relacionados ao comunismo, nossa bandeira jamais será vermelha, minha casa não será invadida, minha igreja não será fechada e tantos outros;
Perfil do eleitorado paulistano: 62% é conservador, 80% religioso acreditando que o sucesso pessoal depende de Deus (65%) e não do esforço próprio ou luta da população;
Força político-econômica da burguesia paulistana (Paulista e Faria Lima): Estará, com seu imenso poder, unida contra qualquer chapa de esquerda;
Eficiência da atuação estratégica da direita: Fruto da própria atuação em seus negócios, a direita estará com forte atuação estratégica nas eleições, na contramão das forças de esquerda em agir mais ideologicamente do que estrategicamente;
A força do bolsonarismo: Com certeza, estará contra os candidatos de esquerda, qualquer que seja o opositor;
As resistências internas dentro do PT: Em apoiar, cabalmente, a chapa e ela será maior ou menor conforme o posicionamento do PSOL e do candidato com relação ao governo Lula e às próximas eleições presidenciais;
Resistências da comunidade evangélica: Que desfraldarão temas identitários emblemáticos e de difícil abordagem popular como aborto, LGBT’s e outros e farão inaceitáveis exigências para suas igrejas;
Nova estratégia da direita de atender as causas utilitaristas da população: E ela está fazendo isso sem desagradar às forças de direita e sem afetar a estrutura fundamental de poder da elite;
Aglutinação das forças geopolíticas: Descartado o bolsonarismo, as forças da direita irão acenar para os interesses geopolíticos e geoeconômicos do ocidente, em oposição ao direcionamento do governo Lula e, com isso, irão atrair o poderoso suporte dos EUA e Europa;
Ação não eleitoralmente estratégica dos movimentos de base: Os movimentos de base poderão continuar a sua luta de forma ideológica sem conciliar com a estratégia da luta eleitoral e, com isso, criar oportunidades de vantagens para as forças de direita;
A oposição da grande mídia: Descartado o bolsonarismo, a grande mídia, com certeza, alinhará todas as forças contra qualquer chapa de esquerda, principalmente Boulos / PT;
Por esses e outros motivos a serem levantados, a luta eleitoral em São Paulo será muito menos ideológica e mais estratégica do que a eleição do Lula. É certo que Lula e Haddad venceram em São Paulo, mas, Boulos tem um perfil muito diferente e, ademais, a vitória dos dois se deu numa ampla coligação de esquerda-centro-direita.
Primeiro desafio já: Convencer as forças de esquerda a um Plano Estratégico para vencer e não para êxtases ideológicas.
Grato
César Cantu
São Paulo, 07.08.2023
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Penso que é a frase chave do artigo: "Convencer as forças de esquerda a um Plano Estratégico para vencer e não para êxtases ideológicas."
Uma análise prudente!