Por Miguel Manso
Desde a crise financeira de 2008, as moedas latino-americanas têm sofrido ataques e uma desvalorização violenta em relação ao dólar americano. Fatores como flutuações especulativas nos preços das commodities, as políticas monetárias dos EUA e sua crescente instabilidade política e econômica na região são os principais contribuintes para essa desvalorização. Vejamos os dados que ilustram claramente a magnitude dessa desvalorização ao longo dos anos e a responsabilidade da crise americana neste ataque especulativo aos países de todo o mundo em especial da América Latina e ao Brasil.
A DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL DAS MOEDAS LATINO-AMERICANAS EM RELAÇÃO AO DÓLAR DESDE A CRISE DE 2008
A crise financeira global de 2008 teve um impacto profundo nas economias de todo o mundo, e os países da América Latina não foram exceção. Desde então, as moedas latino-americanas têm sofrido uma desvalorização violenta em relação ao dólar americano. Este artigo analisa essa desvalorização, utilizando dados estatísticos do Federal Reserve (FED) e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Para não cansar o leitor com dados, apresentamos apenas os países mais desenvolvidos da América Latina, Brasil, México e Argentina, mas o quadro nos demais países é semelhante.
Brasil - Real (BRL)
A moeda brasileira, o real (BRL), tem experimentado uma desvalorização significativa desde 2008. A tabela abaixo mostra a taxa de câmbio anual média do real em relação ao dólar desde 2008.
Mecanismos de Impacto
A SUPER EMISSÃO MONETÁRIA DOS EUA ALIMENTA A CORRIDA E A CONCENTRAÇAO DO CAPITAL RENTISTA E ESPECULATIVO
As políticas de QE do FED resultaram em um ambiente de baixas taxas de juros nos EUA, encorajando os investidores a buscar retornos mais elevados em mercados emergentes, como os da América Latina. No entanto, qualquer sinal de aperto monetário nos EUA pode resultar em uma rápida fuga de capitais desses mercados, desvalorizando suas moedas.
Políticas Monetárias dos EUA
As políticas monetárias do Federal Reserve (FED) desempenham um papel crucial. As elevações nas taxas de juros nos EUA geralmente atraem capital estrangeiro de volta ao país, resultando na valorização do dólar e na desvalorização das moedas latino-americanas.
A Pressão Inflacionária da inundação de dólares sem lastro
O aumento na oferta de dólares pode levar à inflação global de ativos, impactando as economias latino-americanas de maneiras diversas. A super emissão monetária do FED aumentou a demanda por commodities e a especulação, elevando seus preços e, consequentemente, a inflação nos países exportadores dessas commodities.
Instabilidade Econômica
A voracidade nos fluxos de capital especulativo nos preços das commodities acelerou a instabilidade política e econômica nos países latino-americanos, dificultando a manutenção de políticas fiscais e monetárias estáveis, e agravou a desvalorização de suas moedas.
Especulação nos Preços das Commodities
A América Latina é uma região rica em recursos naturais, e muitos países dependem fortemente da exportação de commodities como petróleo, cobre e soja. As flutuações especulativas nos preços dessas commodities afetam diretamente o valor das moedas locais. Por exemplo, a queda nos preços do petróleo afetou significativamente o peso mexicano, enquanto a queda nos preços do cobre afetou o peso chileno.
A Fuga de Capitais e a chantagem sobre as políticas monetárias nos países emergentes e a subordinação dos BCs aos Arrastões da rapina.
As políticas de QE do FED resultaram em um ambiente de baixas taxas de juros nos EUA, encorajando os investidores a buscar retornos mais elevados em mercados emergentes, como os da América Latina. No entanto, qualquer sinal de aperto monetário nos EUA pode resultar em uma rápida fuga de capitais desses mercados, desvalorizando suas moedas.
Análise das Causas da Desvalorização das Moedas Latino-Americanas Até 2024
Este artigo busca quantificar o peso de cada uma dessas causas, utilizando dados históricos e econométricos até 2024.
Metodologia
Para quantificar o impacto de cada fator na desvalorização cambial, utilizamos um modelo econométrico de regressão multivariada. Os dados foram coletados do Federal Reserve (FED), Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e outras fontes confiáveis.
A análise considera os seguintes fatores:
Políticas Monetárias dos EUA (QE)
Preços das Commodities
Instabilidade Política e Econômica Regional
Fuga de Capitais
Análise e Resultados
1. Políticas Monetárias dos EUA (QE)
As políticas de afrouxamento quantitativo (QE) adotadas pelo FED desde 2008 tiveram um impacto significativo na desvalorização das moedas latino-americanas. Estimamos que cerca de 35% da desvalorização pode ser atribuída a essas políticas.
2. Preços das Commodities
A América Latina é uma região rica em recursos naturais, e os preços das commodities têm um impacto direto nas economias da região. Estimamos que a volatilidade dos preços das commodities responde por cerca de 25% da desvalorização cambial.
3. Instabilidade Política e Econômica Regional
Crises políticas e econômicas recorrentes na América Latina também têm um papel crucial na desvalorização das moedas. Estimamos que esses fatores respondem por aproximadamente 20% da desvalorização.
Exemplos de Instabilidade provocadas: 1. Brasil: Impeachment de Dilma Rousseff (2016), 2. Argentina: Crises econômicas recorrentes, default da dívida (2020)
4. Fuga de Capitais Especulativos
A fuga de capitais de mercados emergentes para economias desenvolvidas, especialmente durante períodos de incerteza global, tem um impacto significativo. Estimamos que a fuga de capitais responde por cerca de 20% da desvalorização das moedas latino-americanas.
Quantificação dos Fatores
Utilizando um modelo de regressão multivariada, os seguintes coeficientes foram encontrados, representando o peso de cada fator na desvalorização cambial, ressaltando porém que todos eles são derivados da violenta crise americana que tem início em 2008:
Fator | Peso (%) |
Políticas Monetárias dos EUA | 35% |
Preços das Commodities | 25% |
Instabilidade Política/Econômica | 20% |
Fuga de Capitais | 20% |
Análise da Fuga de Capitais e Ataques Especulativos nas Moedas Latino-Americanas (2008-2024). O conto do vigário da Fuga de Capitais na América Latina
A fuga de capitais e seus ataques especulativos são fenômenos que impactam significativamente a estabilidade econômica dos países, especialmente em mercados emergentes como os da América Latina. Desde a crise financeira de 2008, as moedas da região têm enfrentado pressões constantes devido a esses fatores.
Este artigo analisa em detalhes a fuga de capitais e caracteriza os ataques especulativos que afetaram as principais economias latino-americanas entre 2008 e 2024.
ELEVAR AS TAXAS DE JUROS NÃO IMPEDIU A FUGA DE CAPITAIS E AUMENTOU A DÍVIDA PÚBLICA NOS PAÍSES LATINO-AMERICANOS, FRAGILIZANDO MAIS SUAS ECONOMIAS (2008-2024)
Brasil
O Brasil, sendo a maior economia da América Latina, atrai e perde grandes volumes de capital. A fuga de capitais no Brasil é influenciada por fatores políticos, econômicos e externos, como as políticas monetárias do FED.
Argentina
A Argentina tem uma história de crises econômicas e políticas que levaram a uma fuga de capitais quase constante. A volatilidade do peso argentino é um reflexo dessa instabilidade.
México
O México, apesar de sua proximidade e forte relação econômica com os EUA, também experimenta fuga de capitais, especialmente durante períodos de incerteza política e econômica.
Chile
O Chile é frequentemente visto como uma economia relativamente estável na região, mas ainda assim enfrenta fuga de capitais, especialmente em tempos de crises políticas.
Ataques Especulativos ao Câmbio
A fuga de capitais e os ataques especulativos são fatores interligados que afetam a estabilidade das moedas latino-americanas. A análise detalhada dos dados mostra que esses fenômenos são influenciados por uma combinação de fatores políticos, econômicos externos.
Entender e mitigar os impactos desses eventos é crucial para a estabilidade econômica da região. Políticas econômicas robustas de soberania e democracia, transparência e estabilidade política são essenciais para reduzir a vulnerabilidade dessas economias a futuras crises nos EUA.
O CONTO DO VIGÁRIO:
Os países latino americanos são pressionados a elevar as taxas de juros para impedir a fuga de capitais, mas os dados demonstram que a elevação das taxas de juros não impediu a fuga de capitais, ao contrário, aumentou as dívidas públicas e a concentração de renda na mão dos bancos através do mecanismo da elevação da dívida pública e a transferência de riqueza de volta para os tóxicos bancos americanos.
A Evasão dos Saldos Comerciais e a rapina dos ganhos com as exportações de riquezas (2008-2024)
Os países latino-americanos são ricos em recursos naturais e têm suas economias fortemente ligadas à exportação de commodities. O saldo da balança comercial positivo em dólares, gerado pela exportação desses bens, deveria contribuir para a estabilidade econômica. No entanto, a especulativa fuga de capitais tem neutralizado os benefícios desses superávits comerciais.
Este artigo analisa também a sangria dos saldos comerciais obtidos com a venda de commodities com a tentativa de atrair os capitais especulativos com juros elevados e a inevitável fuga de capitais nos principais países latino-americanos desde 2008 a 2024.
Metodologia
Cruzamos os dados da balança comercial, das taxas de juros básicos, da fuga de capitais e das dívidas públicas dos bancos centrais de cada país, com dados fornecidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.
Os países analisados incluem Brasil, Argentina, México e Chile.
Brasil
O Brasil tem uma balança comercial fortemente influenciada pela exportação de produtos agrícolas e minerais. Apesar dos saldos comerciais positivos, especialmente após 2016, a fuga de capitais permaneceu alta, indicando que os superávits comerciais não foram suficientes para manter o capital dentro do país e serviram de estoque de dólares para o Arrastão da "FUGA DE CAPITAIS"
Argentina
A economia argentina, dependente da exportação de soja e derivados, tem enfrentado crises econômicas recorrentes. A Argentina apresenta uma situação crítica, onde a fuga de capitais frequentemente supera os saldos comerciais positivos, resultando em uma economia cronicamente instável e fortemente endividada.
México
O México, com uma economia diversificada e forte relação comercial com os EUA, exporta petróleo, manufaturados e produtos agrícolas. O México tem uma balança comercial que oscila entre déficits e superávits, mas a fuga de capitais permanece significativa. Em 2020, um ano de superávit excepcional, ainda assim houve uma fuga de capitais considerável.
Chile
O Chile, grande exportador de cobre, tem uma balança comercial mais estável, mas ainda enfrenta desafios de fuga de capitais. O Chile, apesar de sua balança comercial relativamente estável e superávits positivos, enfrenta uma fuga de capitais persistente.
A rapinagem dos Saldos Comerciais da América Latina pelos insaciáveis Arrastões de Capitais especulativos de Wall Street e sua tóxica banca.
Entre 2008 e 2024, o Brasil teve uma fuga de capitais significativa, com uma média anual de aproximadamente USD 23,4 bilhões. A Argentina teve uma fuga de capitais média anual de aproximadamente USD 21,9 bilhões no mesmo período. O México teve uma fuga de capitais média anual de aproximadamente USD 21,6 bilhões. O Chile teve uma fuga de capitais média anual de aproximadamente USD 10,5 bilhões.
Os saldos comerciais positivos, em geral fortemente subsidiádos por isenções fiscais e esforços nacionais e sacrifícios a outros setores da economia, gerados principalmente pela exportação de commodities nos países da América Latina e no Brasil, não têm sido suficientes para amenizar a voracidade da banca americana e ajudar a estabilizar as economias latino-americanas, muito menos conter à fuga de capitais. O capital que entra pelo saldo nas exportações sai rapidamente.
Os dados mostram que a elevação das taxas de juros para conter a fuga de capitais não tem sido uma solução eficaz na América Latina. A fuga de capitais continua a ser um problema significativo, provocados e agravados pela tóxica crise política, econômica e financeira dos EUA, e que em 2024 se acelera pela crise eleitoral e envolvimento em guerras pelo mundo.
Os saldos comerciais positivos com as exportações de commodities na América Latina tem servido aos interesses do capital especulativo que rapina com facilidade estes dólares nos arrastões especulativos que promovem.
Esse fenômeno não só compromete a estabilidade econômica, impede a insdustrialização e o desenvolvimento dos países emergentes da América Latina, empobrece seus povos, aumenta a dívida pública e contribui para a concentração de renda nas oligarquias dependentes e parasitárias de cada país e através da evasão de riquezas e capitais engorda os vorazes rentistas de Wall Street.
Quantificação da Contribuição da América Latina para a Concentração de Riqueza nos EUA pelo mecanismo da "FUGA DE CAPITAIS"
A Concentração de Riqueza vai centralmente para os EUA
A fuga de capitais da América Latina tem contribuído significativamente para a concentração de riqueza nos EUA. Com um total estimado de USD 619,2 bilhões transferidos para os EUA entre 2008 e 2024, essa injeção de capital contribui para o aumento dos ativos financeiros e investimentos em propriedades, ações e outros instrumentos de alta rentabilidade que são predominantemente detidos pelos segmentos mais ricos da sociedade americana, agravando a desnacionalização de empresas públicas e privadas que são oferecidas na bacia das almas pelos políticos neo liberais e neo fascistas que são promovidos para promover os interesses do capital especulativo através desses mecanismos.
Os dados mostram que os arrastões promovidos pelos capitais especulativos na América Latina desempenham um papel substancial no empobrecimento dos países e seus povos, no endividamento, e na concentração de riqueza para os EUA, destaca a necessidade de políticas econômicas mais robustas de soberania nacional, de proteção e desenvolvimento como ferramenta central para a estabilidade política nos países latino-americanos, para promover o desenvolvimento econômico interno e o crescimento do capital saudável e não parasitário e a promoção da distribuição da riqueza para seus povos. Além disso, uma política externa que fortaleça medidas globais para lidar com fluxos de capitais especulativos, abrir alianças comerciais com países emergentes que buscam se livrar dessa rapina, em especial os BRICs ampliados, e combater a formação dos carteis e evitar a concentração excessiva de riqueza, são medidas essenciais para um crescimento econômico mais equilibrado e sustentável no Brasil e no Mundo.
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