As eleições para o sistema CONFEA/CREA, realizadas no último dia 17 de novembro, mobilizaram forças democráticas e progressistas de todo o País, com destaque para a participação do movimento Engenharia pela Democracia (EngD). Logo no início do debate eleitoral, há pouco mais de cem dias, coube à EngD, ao lado de entidades, movimentos e lideranças, apresentar aos profissionais e à sociedade um programa capaz de mudar e inovar o sistema. Cumprimos um papel protagonista, catalisador e animador.
Em toda a campanha, defendemos abertamente a engenharia nacional e seus profissionais, bem como a reconstrução soberana do Brasil. Os expoentes desse programa foram os candidatos que apoiamos, a começar por Amaury Monteiro Jr à presidência do CONFEA. Com coragem e consciência da batalha a ser travada, hasteamos uma bandeira para lançar vozes e luzes para o futuro.
Ao mesmo tempo, firmamos compromisso com representantes do nosso campo que concorreram à presidência de estratégicos CREAs, incluindo dois membros do Conselho Deliberativo da EngD – Zé Manoel em São Paulo e Bira na Bahia. Estimulamos e trabalhamos pelas campanhas animadas de Francis Bogossian no Rio de Janeiro, Gilson Queiroz em Minas Gerais, Adriano Lucena em Pernambuco e Fernando Galiza no Ceará.
Conforme prenunciado, foi uma eleição em que as forças do continuísmo e situacionismo usaram e abusaram da máquina despudoradamente para perpetuar a ordem, os interesses negocistas e o atraso. Não houve praticamente divulgação das eleições entre os profissionais e nos meios de comunicação, o que resultou uma precária participação de menos de 20%. Dos mais de 1,1 milhão de profissionais registrados no CONFEA, 739 mil foram habilitados a participarem da eleição e magros 141 mil votaram. Com uma outra postura do sistema, esse número teria sido, no mínimo, o dobro.
Qual o sentido e o interesse de, na primeira e vergonhosamente tardia eleição do sistema pela internet, deixar mais de 80% das categorias – ou seja 600 mil profissionais – mal informados, sem sentido de participação? A quem interessava uma campanha eleitoral fria, sem exposição ou debate de ideias e com baixa intensidade? Não foi permitido às oposições terem acesso à lista dos eleitores para divulgação de suas propostas. Não foi promovido um debate sequer pelo próprio sistema. O candidato situacionista ainda se omitiu e desrespeitou os encontros realizados pelo Clube de Engenharia de Pernambuco e pelo Instituto de Engenharia de São Paulo.
Os sistemas de votação, apuração e auditoria foram feitos por empresas contratadas pela administração do CONFEA, sem controle externo e independência, comprometendo a transparência e segurança do pleito. Ainda assim, o candidato situacionista alcançou meros e preocupantes 5,62% votos do total de profissionais do sistema. Chamamos a atenção que as forças que se mantiveram no poder são privatistas, excludentes e antidesenvolvimentistas, condenando o CONFEA a mais omissões e negligências ante o processo de destruição da engenharia brasileira, o enfraquecimento das categorias e a desvalorização dos profissionais.
De nossa parte, com o voto oposicionista de cerca de 8.400 profissionais da engenharia, da agronomia e das geociências em Amaury, saímos das urnas mais organizados e mobilizados nacionalmente, vinculados a um programa e a uma vontade cívica de seguir na luta. Com a disposição e a rebeldia animadora desses milhares de profissionais, realizamos um importante movimento contra a pasmaria, o situacionismo e o retrocesso. Cumprimos nosso papel de resistência, construção e esperança em apontar caminhos e estimular iniciativas.
Além do desempenho estimulante e emblemático de Amaury e das aguerridas lideranças estaduais que alcançaram o segundo lugar em quatro decisivos estados (SP, MG, RJ e BA), as forças progressistas venceram a disputa e vão assumir os CREAs de Pernambuco, com Adriano Lucena, e no Ceará com Fernando Galiza. Avançamos. Esses resultados mostram que a votação de 17 de novembro lança um recado e uma mensagem alvissareiros para o presente.
Cresce ainda mais a demanda por uma nova engenharia, ousada e comprometida, partícipe das mudanças e da reconstrução do País. Eis um dos legados dessa eleição para o campo democrático e progressista. Mostramos ideias e desenhamos caminhos. Faremos frente a toda e qualquer proposta anti-Brasil e incubadora do atraso.
Que todos os profissionais que participaram dessa campanha se aproximem, se integrem e fortaleçam o movimento Engenharia pela Democracia. Conheçam nosso amplo arco de atuação e se unam para que sigamos mais úteis e ativos. Unidos, fortalecidos e animados, continuaremos nesta caminhada virtuosa pela democracia, pelo desenvolvimento sustentável e pela soberania nacional. Viva a EngD! Viva a engenharia nacional!
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