Neste 11 de dezembro, Dia do Engenheiro, é importante fazermos reflexões para superar os impasses e liberar nosso desenvolvimento e o progresso social.
Há mais de 40 anos, o Brasil vive uma semiestagnação. A desindustrialização da economia, a falta de investimento e de políticas de longo prazo, a fuga de cérebros, o desprezo à inovação, os ataques à ciência – tudo isso contribuiu para a crise. Mas uma causa tão ou mais revelante do que essas é o abandono e a regressão da engenharia nacional.
Os problemas começam na própria formação – mais de 50% dos estudantes de engenharia não concluem a graduação. Trata-se de um dos cursos com maior evasão no Brasil. Uma vez formados, os novos profissionais sofrem com a precarização do mundo do trabalho e o mercado restritivo. Faltam oportunidades, vagas e estímulos.
Há pouco mais de uma década, quando a economia crescia, reclamava-se da ausência de profissionais qualificados. Agora, o currículo de ponta não é necessariamente o bastante para garantir posições de destaque. A isso se somam a omissão e a negligência de instituições como o Confea, que deixa os profissionais entregues à própria sorte.
A desordem se agravou com o aprofundamento do neoliberalismo e a nefasta operação Lava Jato. Um dos objetivos foi a destruição de setores econômicos nacionais em ascenção (óleo e gás,construção civil,indústria naval e aeronáutica), consumidores de muita engenharia. Abriu-se espaço para a ocupação desse mercado e a desnacionalização por empresas estrangeiras que perdiam concorrências em 40 países.
Estima-se que as construtoras perseguidas pela Lava Jato perderam uma receita de R$ 107,9 bilhões em 2015 para R$ 11,8 bilhões em 2019, um tombo implacável de 89%. Juntas, nove empresas fecharam 206,6 mil postos de trabalho entre 2013 e 2020. Proibidas de firmar contratos, construtoras brasileiras foram substituídas por empreiteiras estrangeiras. Até hoje a economia brasileira não conseguiu reerguer-se dos 4,4 milhões de empregos suprimidos por essa iniciativa da força-tarefa, conforme sinalizou o Dieese.
Uma das missões da engenharia e de seus profissionais é viabilizar soluções para a sociedade. Conforme expressou o movimento Engenharia pela Democracia, é preciso "desenvolver, no País e em suas regiões, o fortalecimento de um pensamento progressista sobre a engenharia brasileira e o desenvolvimento sustentável alinhados com os interesses das reais necessidades do povo brasileiro". Sem engenharia, não há progresso nem soberania.
Lutemos, pois, por uma Frente em Defesa da Engenharia Nacional, comprometida com essas necessidades. A EngD estará contribuindo na linha de frente desse desafio. Estamos comprometidos com a construção do Fórum da Engenharia Nacional para mobilizar forças, ao lado de parceiros e entidades, lançando um diálogo social com debates e propostas nessa direção.
O desenvolvimento nacional soberano é nosso norte. A engenharia é o caminho. Há uma oportunidade inédita para o País se reerguer e ocupar um espaço à altura de nossos sonhos e capacidades.
Viva o Dia do Engenheiro!
O editorial está bom, concordo com uma boa parte do texto. Porém, estamos encalacrados dentro da nossa bolha e, pior ainda, há toda uma categoria de profissionais, milhares de profissionais que ainda nem perceberam onde estão (e nem se interessam em saber). Só se interessam em reclamar, reclamar do CREA, do CONFEA, reclamar dos baixos salários, reclamar, reclamar .... e nem mesmo se mexem para votar nas eleições da nossa entidade. Óbvio que o imobilismo é benéfico para aqueles que se beneficiam e vivem do sistema, o imobilismo é como uma quantidade enorme de matacões colocados no caminho. Tinha um matacão no caminho ... Precisamos sair da nossa bolha. Não sei como fazê-lo.