Concertação: "Ato ou efeito de concertar; acordo entre duas ou mais pessoas ou entidades para conseguir determinado objetivo; pacto; convenção; união"
Todas(os) acompanhamos a divulgação do 6º relatório do Grupo de Trabalho 1 do IPCC (https://www.ipcc.ch/assessment-report/ar6/). Ele reporta serem “virtualmente certas” (mais de 99% de probabilidade) as causas antropogênicas da crise climática. E também prevê a possibilidade de redução de danos se medidas imediatas forem tomadas.
O Brasil, por suas características naturais, será inevitavelmente um líder nessa questão. Negativamente, como maior vilão mundial, caso não interrompamos a atual necropolítica de destruição ambiental. Ou positivamente, dando exemplos concretos ao mundo de políticas de estado socioambientalmente referenciadas.
A comunidade da Engenharia brasileira pode ter aqui um papel decisivo.
Certamente, em estreita articulação com a miríade de grupos, organizações sociais, partidos políticos que tenham a mesma perspectiva.
A Engenharia pela Democracia não fará nada sozinha, mas se conseguirmos construir essas pontes ao mesmo tempo em que aprofundamos a discussão entre nós, com firme base tecno-científica, teremos um papel neste inédito momento da história da humanidade.
A Concertação Verde Brasileira, assim, se traduz em buscar essa construção, conciliando duas questões da maior urgência: o enfrentamento da crise climática, para o que nossos biomas nos colocam como país-chave, com uma importância geopolítica que não pode ser subestimada. E a superação da injustiça social no Brasil, que tem suas raízes na mentalidade escravocrata de classes dominantes alienadas dos interesses nacionais, desde 1500. Sua hegemonia talvez hoje possa ser questionada de forma consistente, inclusive porque a solução política bolsonarista, sustentada por essa pseudo-elite, mostrou-se disfuncional.
Seria leviano tentar avançar aqui em temas de tal complexidade. Apenas se elencam a seguir alguns pontos, a título de ilustração e sem prejuízo de muitos outros.
Fogo zero: Esforço de guerra para interrupção da grilagem e queimadas, com as forças armadas no apoio dessa ação. A destruição da Amazônia, dos cerrados, pantanal, de matas ciliares, precisa ser revertida de imediato, enfrentando os interesses do agronegócio e da mineração predatórios. Uso de tecnologias avançadas (rastreamento remoto, recompondo-se o INPE; drones para rastreamento local; logística para recuperação de biomas nativos, etc). Interação com saberes tradicionais dos povos originários, quilombolas, ribeirinhos. Essa síntese, original, seria peculiar nossa, brasileira.
Fome zero com Carbono zero: Apoio à agroecologia e agricultura familiar, redes de suprimento de alimentos saudáveis.
Saúde pública e mitigação de possíveis futuras pandemias: implementação de parque industrial de saúde, para autossuficiência em biofármacos, imunobiológicos (incluindo vacinas).
Harmonia com o planeta pela educação: educação pública, gratuita, de qualidade, em todos os níveis. Ensino de Engenharia para formar profissionais socioambientalmente conscientes, com visão holística.
Ciência, tecnologia e inovação como base estruturante da reconstrução nacional socioambientalmente referenciada: Atração de pessoal com formação tecno-científica de excelência, com reflexos importantes para nossas(os) jovens engenheiros(as) e técnicas(os).
Energia e moléculas em uma economia zero C: Qual o papel da Petrobras na transição, em direção à bioeconomia, da matriz fóssil para a matriz biomassa? Qual o papel da Eletrobras?
Reindustrialização do Brasil, indústria 4.0 verde.
Economia digital verde.
Urbanização, mitigação das crises hídricas, saneamento: democratizando e reduzindo impactos ambientais.
Sistema financeiro: financiamento de projetos verdes
Readequação de mão de obra: Engenharia para tecnologias do cuidar de pessoas e do ambiente.
Metas de descarbonização atualizadas
Este é um convite para discussão em nosso coletivo, pois caminhando criamos o caminho. Vamos prosseguir juntas(os)?
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