A edição nº 170 da Revista Princípios, da Fundação Maurício Grabois, traz um dossiê sobre diversificação energética e transição ecológica.
A resenha abaixo é sobre o artigo do professor e vice-diretor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo, o engenheiro Ildo Sauer.
Este trabalho faz uma análise das razões que levaram à hegemonia do petróleo como fonte energética e dos desafios para a transição energética propugnada por amplos setores acadêmicos, políticos e populares. Como arcabouço metodológico, recupera os principais elementos da economia política, como mais-valia absoluta, relativa e extraordinária, rendas diferencial, absoluta e de monopólio, preços e preços de produção, para interpretar o papel da apropriação da energia na emergência e consolidação do modo capitalista de produção e os fatores e atributos que nortearam as transições energéticas e conduziram à hegemonia do petróleo num quadro de múltiplas possibilidades de recursos energéticos. Analisa a estrutura geopolítica e as disputas pela renda dos recursos naturais, com foco no controle das reservas e produção do petróleo, sob coordenação da Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo expandida), com suas empresas nacionais, em conflito com os interesses dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e China e das empresas petrolíferas independentes. Finalmente, apresenta o quadro de possibilidades para a desfossilização da matriz energética brasileira e mundial mediante a indicação das alternativas baseadas nos vetores de eletricidade ou hidrogênio e analisa os desafios e impactos de sua adoção sobre a estrutura econômica, social e de poder político inerente ao sistema capitalista, cujo motor é o processo de acumulação baseado na ampliação da produtividade para a geração de excedentes econômicos.
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