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Carlos Paiva

A sociedade em que vivemos


Por Carlos Eduardo Paiva de Cardoso, Engenheiro Eletrônico


Na sociedade capitalista as diversas formas de conexão social aparecem face ao indivíduo como simples meios para alcançar os seus fins privados.


Nesta sociedade de livre concorrência, cada indivíduo aparece desligado dos laços naturais que, em épocas históricas anteriores, fizeram dele parte integrante de um conglomerado humano determinado e circunscrito.


Quanto mais recuamos na história, mais o indivíduo - e, portanto o produtor individual - nos aparece como elemento que depende e faz parte de um todo mais vasto; faz parte, em primeiro lugar, e de maneira ainda inteiramente natural, da família e dessa família ampliada que é a tribo; mais tarde, faz parte das diferentes formas de comunidades provenientes do antagonismo entre as tribos e da fusão destas.


No século XVIII, as diversas formas de conexão social aparecem face ao indivíduo como simples meios para alcançar os seus fins privados, como uma necessidade exterior a ele. O capitalismo contribuiu de forma tremenda para o incremento da liberdade, não obstante, ao mesmo tempo, tornou o homem cada vez mais isolado, solitário e imbuído de uma sensação de insignificância e impotência.


Nossa sociedade, ao mesmo tempo em que impõe a tirania da maioria, a qual destrói a individualidade e torna os homens num rebanho controlado, transforma a liberdade na apologia insensata do interesse individual, ignorando qualquer utilidade coletiva. O direito à liberdade na sociedade capitalista, não se baseia na união do homem com o homem, mas pelo contrário, na separação do homem em relação a seu semelhante, o que faz com que todo homem encontre noutros homens não a realização de sua liberdade, mas pelo contrário a limitação desta.


O homem converteu-se em um dente de engrenagem da vasta máquina econômica, importante se dispõe de muito dinheiro, insignificante em caso contrário, mas sempre um dente de engrenagem para servir a uma finalidade alheia a ele. A subordinação do indivíduo como um meio para alcançar fins econômicos ocorre devido às particularidades do sistema capitalista de produção, que fazem da acumulação do capital a finalidade e a meta da atividade econômica. Todos trabalham visando o lucro das empresas, mas o lucro que se consegue não se destina a ser gasto, utilizado a favor do homem, mas sim, ser reinvestido como novo capital. Este capital, por sua vez, traz novos lucros e assim por diante, num círculo vicioso.


Em todas as relações sociais (inclusive amizade, amor, etc.) as leis de mercado passaram a ser a regra. Como sucede com qualquer outra mercadoria, é o mercado que decide o valor das qualidades humanas. Se não houver utilidade para as qualidades que uma pessoa oferece ela não tem nenhuma, tal como um artigo não vendável.


O homem só dará um passo decisivo em direção a verdadeira liberdade quando for socialmente proprietário dos meios de produção, pois só assim o capital acumulado será utilizado a favor do homem possibilitando, assim a construção de uma sociedade em que o livre desenvolvimento de cada um seja condição para o livre desenvolvimento de todos.


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Texto baseado: Introdução à Crítica da Economia Política - Karl Marx – 1859, Os dois Aspectos da Liberdade Para o Homem Moderno do livro O Medo à Liberdade de Erich Fromm, Capítulo I do Mal-Estar na Modernidade de Rouanet (Sergio Paulo), Marxismo Impenitente – José Paulo Netto.

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