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Engenheiros democratas e progressistas votam em Francis Bogossian



Por Alexandre Santos*


Como bem alertou Martin Niemöller no poema “E não sobrou ninguém”, a hora é de união.

 

De fato, um soslaio pela história recentíssima mostra o perigoso avanço da extrema-direita sobre órgãos de representação coletiva da sociedade civil.

 

Primeiro, investiram sobre os conselhos tutelares, depois sobre as instâncias federal e regional dos conselhos de engenharia e agronomia, depois sobre os conselhos de medicina.

 

Nenhum espaço de representação coletiva perece escapar da ambição da extrema-direita, que vem articulando, organizando e financiando a ação do seu pessoal para conquistar posições de importância estratégica na sociedade civil.

 

Agora, a bola-da-vez parece ser o Clube de Engenharia – a entidade representativa dos engenheiros mais antiga do País, criada em 1870 por decreto imperial por D. Pedro II e tradicionalmente alinhada às causas democráticas, progressistas e desenvolvimentistas –, que vai realizar eleições no próximo dia 29 de agosto.

 

De fato, já tendo assumido o comando do Conselho Federal (Confea) e da maioria dos Conselhos Regionais importantes (SP, PR, BA, RJ, MG, RS), a extrema-direita se movimenta para tentar assumir a liderança do Clube de Engenharia.

 

Nesta perspectiva, a eleição do engenheiro Francis Bogossian para a presidência do Clube de Engenharia ganha uma importância estratégica para os seguimentos desenvolvimentistas, nacionalistas, progressistas e preocupados em preservá-lo fora da esfera de influência da extrema-direita.

 

O momento é tão grave que não admite indiferença e apatia.

 

Para quem não lembra, o poema de Martin Niemöller diz assim:

 

"Primeiro levaram os comunistas, mas não me importei com isso, eu não era comunista;

em seguida levaram os sociais-democratas, mas não me importei com isso, eu também não era social-democrata;

depois levaram os judeus, mas como eu não era judeu, não me importei com isso;

depois levaram os sindicalistas, mas não me importei com isso, porque eu não era sindicalista;

depois levaram os católicos, mas como não era católico, também não me importei;

agora estão me levando, mas já é tarde, não há ninguém para se importar com isso".

 

É preciso dizer mais alguma coisa?


* Alexandre Santos, engenheiro civil e escritor, preside o Clube de Engenharia de Pernambuco e a Associação Brasileira de Engenheiros Escritores

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