GOVERNO FEDERAL E MERCADO FINANCEIRO: URGE PROVOCAR A CONVERGÊNCIA DAS DIFERENTES INTERPRETAÇÕES SOBRE O BRASIL.
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Henrique Luduvice
As análises econômicas apresentadas por determinadas instituições financeiras a clientes e investidores desconsideram as demandas do povo brasileiro. Concentram-se em taxas de juros e investimentos com maiores rentabilidades. Além disso, evitam informar adequadamente sobre ações relevantes do Governo Federal. Não discorrem acerca daquelas que reduziram a inflação, o câmbio e os riscos, elevaram a classificação do País no cenário internacional e contribuem para a retomada, em futuro próximo, do grau de investimento.

Registre-se que este patamar, alcançado em passado recente com o trabalho e dedicação da população em geral, foi perdido no curso da implantação de políticas excludentes defendidas pelo rotulado andar de cima. Todas elas visavam destruir a concepção de um Estado voltado para o bem estar social. Que governos anteriores,
enfrentando aguerridas resistências, haviam começado a erigir.
Impressiona perceber que nesses fóruns nada é retratado no que concerne ao sucesso de decisões de caráter estratégico, alicerçadas nas ações de inúmeros Ministérios, ainda que amplamente divulgadas no âmbito da mídia tradicional.
Como exemplos, pode-se mencionar a omissão, nesses debates, dos resultados das sucessivas viagens internacionais, promovidas pelo Governo Federal em interações com comitivas empresariais dos diversos ramos de produção. Tais peregrinações comerciais alcançaram sonhadas aberturas ou recomposição de mercados, há
muito desejados, robustecendo a pauta de exportação e a balança comercial do Brasil.
O relacionamento em alto nível entre mandatários públicos e empresas sediadas no País, em busca de clientes externos para a produção nacional, não é enaltecido como uma das condições para a geração de novos empreendedores ou de acréscimos no item empregabilidade, ambos tão necessárias para os que adentram no ambiente trabalhista.
Surpreende, também, que nos citados colóquios não mereçam citação, pelos ilustrados palestrantes, os possíveis incrementos na economia provenientes de volumosos investimentos captados no exterior, por intermédio dessas associações entre as Áreas Pública e Privada, alinhadas pelo atual Projeto de Governo.
Não mencionam que em razão das referidas simbioses ocorrerão dinamização de fábricas, retomada de processos de transformação, geração de postos de trabalho qualificados e interferência nos prognósticos, assim como nos futuros indicadores da Nação.
Definitivamente não fazem parte da pauta desses encontros questões internas como as melhorias do salário-mínimo, da renda média e dos parâmetros econômicos e sociais do Brasil, responsáveis pela redução da pobreza, melhoria das condições de vida, aceleração dos índices de progresso humanista e das perspectivas dos trabalhadores, Cidades, Estados e Regiões.
Mesmo quando otimizam as capacidades produtiva e de consumo, assim como a imagem do País no Planeta. Os Programas de Estado nas áreas de Habitação, Saneamento, Mobilidade, Eletrificação e Transportes que alavancam a Engenharia Nacional, a construção civil, a indústria e seus campos correlatos, não são contemplados nas avaliações produzidas por personagens, denominados especialistas.
A majoração dos recursos para Educação, Saúde e Segurança públicas, que impactam os conceitos de cidadania e provocam efetivos desdobramentos na economia, não são incorporadas nas planilhas analíticas dos palestrantes desses encontros.
O acréscimo de numerário nos orçamentos voltados para as Universidades Públicas e Institutos Federais de ensino profissionalizante, que democratizam oportunidades, otimizam a formação e qualificam a força de trabalho, não se inserem em suas
visões compartimentadas.
Destaque-se que em nenhuma dessas avaliações registra-se a imponente capacidade de investimento da empresa Petrobras no Brasil, capaz de provocar um novo e vigoroso ciclo de desenvolvimento em áreas ainda fundamentais como Petróleo
(inclusive no refino), Energia, Máquinas, Equipamentos e Indústria Naval.
Não se manifestam a respeito do resgate da prioridade de construção, no Brasil, das Plataformas, Sondas e Embarcações. Não incluem nos gráficos os benefícios em termos de empregos e impostos a serem incorporados pelo País, mormente após a
viabilização da exploração da Margem Equatorial em condições sustentáveis sob a ótica ambiental.
Também não se postula como itens merecedores do devido reconhecimento, os avanços relacionados à reinserção do Brasil nos Fóruns Internacionais, com altivez, em múltiplos contextos.
Um exercício quase que literalmente abandonado pelo exercício equivocado dos instrumentos constitucionais, por grupos despreparados para uma convivência democrática em prol da Nacionalidade.
Algumas das abordagens desses analistas se notabilizam pela contundência no que tange ao negacionismo dos fatos. Seja por reiterados esquecimentos de verdades consagradas ou por meio da elaboração de comentários deselegantes, relativos às instituições públicas ou instâncias de poder.
Esses procedimentos no interior do mercado financeiro impõem reflexões. Estaria inserido em um viés meramente ideológico? Seria uma tentativa de negar a possibilidade de construção de uma sociedade que acolha os diferentes e contemple todas as vertentes econômicas, sociais, étnicas e de gênero, consagrada nas últimas eleições?
Aparentemente há uma confluência de fatores, talvez orientações corporativas.
Pois, se houvesse, o reconhecimento de parte dos óbvios avanços realçados acima, como poderiam, na sequência, dar vazão às duríssimas críticas aos Governos, em particular ao Federal, até sob a forma de grotescas ironias?
Como sustentariam a tese da inoperância das instâncias governamentais em praticamente todos os seus níveis? Como defenderiam o Estado mínimo buscando induzir os ouvintes a pensarem que somente instituições privadas seriam responsáveis por evidências positivas e as únicas merecedoras de aplausos?
Infelizmente, há questionamentos piores. Mas, que se tornam obrigatórios na presente conjuntura.
Seria porque parcela desses conhecedores da dinâmica dos negócios se alinhariam de modo preferencial àqueles que tentaram manchar o processo democrático conquistado por brasileiros dignos de serem reverenciados?
Esta desconexão com a realidade simbolizaria um antagonismo ao ideário democrático no País? Configuraria que certas frações da elite sentem desconforto em se enxergar como parte de um Brasil amplo, plural, multifacetado e inclusivo?
O Governo Federal necessita com urgência estabelecer diálogos francos com os intitulados empresários e empreendedores. Independente de suas representações. Principalmente, com os operadores do mercado financeiro e os componentes da iniciativa privada desgarrados do espírito contido na Constituição de 1988.
Deve envidar esforços para reverter essa opção argumentativa de contínuo confronto com os valores de uma sociedade que mira o conjunto da população. Que procura agir de forma mais acolhedora e menos individualista. Que pretende erguer os estágios de civilidade enquanto o estende à totalidade dos habitantes da Nação.
Definitivamente, o caminho para a construção de uma Pátria de todos e para todos é árduo. Requer, às vezes, renhidas disputas e o engajamento de gerações. Além de níveis consideráveis de desprendimento e aceitação das diversidades existentes em um País como o Brasil.
Ouso adicionar que demanda o comprometimento com a brasilidade. Exige, sobretudo, admitir que o desenvolvimento econômico e social precisa contemplar as expectativas de aproximadamente 215 milhões de brasileiros. Não apenas de segmentos que se consideram herdeiros de supostos direitos ou destinos.
Henrique Luduvice é Engenheiro Civil, Ex-Presidente do CREA/DF, MÚTUA e CONFEA; Ex-Diretor Geral do DER/DF e DMTU/DF; Ex-Secretário de Transportes do DF; e Ex-Presidente dos Conselhos Rodoviário, do Metrô e de Transportes do Distrito Federal.

