Engenharia é a arte através da qual, pelo emprego da ciência e da tecnologia, o homem modifica o mundo segundo um projeto ou objetivo. Nesta perspectiva, a Engenharia pode ser encontrada na maior parte das coisas – olhe em volta e você verá Engenharia em quase tudo – paredes, piso, teto, tintas, móveis, equipamentos, utensílios, ferramentas – nessa mirada, tudo aquilo que não for matéria orgânica (natural) ou regra de convívio, é Engenharia.
Visto por outro prisma, tudo aquilo que não foi construído por Deus, o foi pela Engenharia – arte responsável pela existência do mundo artificial. Desta forma, a Engenharia é uma espécie de sócia-menor da obra de Deus. Não é à toa, portanto, que, de alguma forma, a Engenharia é responsável pela produção de cerca de 70% do PIB nacional. Tudo isto dá extrema importância ao Engenheiro – o profissional que conduz as obras e serviços de Engenharia –, habilitando-o a exercer igual importância no convívio social, inclusive no processo decisório dos grandes temas de interesse da sociedade.
Infelizmente, talvez por não ter consciência da importância da Engenharia e de si próprio no contexto em que vivem, os engenheiros têm atuação acanhada, restrita à execução dos projetos que lhes são encomendados, privando a sociedade da sua contribuição – não só das obras e serviços, mas, também, das prioridades de interesse da coletividade. Não ocorrem sem razão a exclusão de engenheiros dos círculos decisórios, a secundarização dos cargos reservados aos engenheiros ou, mesmo, os baixos salários atribuídos às categorias técnicas.
Esta situação de apartheid intelectual é injusta com o engenheiro (que deixa de exercer o protagonismo que lhe cabe por direito) e com a sociedade (que deixa de receber a contribuição da Engenharia na definição das prioridades do seu interesse). Esta situação precisa mudar e cabe ao engenheiro a reconquista do seu lugar na sociedade, a começar pela inserção da Engenharia nos grandes círculos decisórios – uma jornada que requer coragem, altivez e consciência da sua própria importância e, sobretudo, [consciência] da impropriedade da atual de depreciação da Engenharia e dos engenheiros nas esferas de planejamento e de governo.
Foi vergonhoso e humilhante, por exemplo, o sistema CREA-CONFEA não ter reagido às injustas acusações feitas à Engenharia pela operação Lava Jato, não estar presente nos entendimentos que levaram à formulação do Novo PAC, não estar presente sequer ao seu anúncio (lembro que, em 11 de agosto, ao invés de estar no Rio de Janeiro para o anúncio do PAC, a liderança do sistema CREA-CONFEA trocava sorrisos pueris em Gramado no encerramento da SOEA).
A Engenharia e o engenheiros precisam reagir. No próximo dia 17 de novembro de 2023, o sistema CREA-CONFEA vai realizar eleições para renovação dos seus quadros dirigentes, oferecendo uma grande oportunidade para a virada que o setor precisa.
Em grandes linhas, de um lado estão as forças conservadoras e reacionárias, que basicamente por omissão, são responsáveis pela situação atual da Engenharia, incluindo o desrespeito aos salários profissionais, o fechamento de empresas e a quase-destruição da engenharia pesada brasileira, a dilapidação do patrimônio público nacional, os apagões, a rarefação das malhas logísticas, o desmatamento sem controle, o envenenamento dos rios e dos alimentos, o déficit habitacional e tudo o mais que decorre da falta de engenharia. Esta banda do atraso é representada pelo candidato Vinicius Marchese, que recebeu o apoio explícito de Tarcisio de Freitas em São Paulo e de Nikolas Ferreira em Minas Gerais, que defende as pautas conservadoras de Jair Bolsonaro e a mesmice de sempre.
Contrapondo ao atraso, o sistema tem a opção de eleger o engenheiro Amaury Monteiro Jr., que sempre se destacou na luta pela Democracia, cuja candidatura representa a chance de o CONFEA buscar a interlocução necessária para dar protagonismo aos Engenheiros e à Engenharia, garantindo-lhes a oportunidade de influenciar e conduzir os processos de interesse da sociedade, cujo rastro objetivo se traduz no sorriso das pessoas, nos empregos, nas obras, nos serviços, no crescimento econômico e no desenvolvimento social. Por tudo isto e muito mais, para a presidência do CONFEA, voto e recomendo o voto em Amaury Monteiro Jr.
* Alexandre Santos é engenheiro e escritor. Preside o Clube de Engenharia de Pernambuco e a Associação Brasileira de Engenheiros Escritores.
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