Indagado, ainda criança, sobre o que desejaria ser, respondi: Engenheiro. Nem sabia o porquê e nem o que era a Engenharia. Mas, tomada a decisão, enlacei a causa e comecei a trabalhar nos meus Projetos de Engenharia.
O primeiro foi a rodovia “Jornada da Vida”. Megalomaníaco infantil, não tive dúvida: Uma autoestrada retilínea, sem curvas, com várias faixas onde os carros circulavam livres e isolados entre si. Ledo engano. Não previ o íngreme e rochoso relevo e o projeto teve que ser adaptado e foi se transformando numa estrada sinuosa, ora para a esquerda ou para a direita, com aclives e declives, muitos trechos de pista única com carros apinhados e esperando a sua vez. E muito perigosa, às vezes, sem acostamento e zonas de repouso.
A “Ponte para a Felicidade” veio em seguida. Logo no seu início, a obra teve que ficar paralisada por muito tempo. Não havia consenso sobre onde seria a sua cabeceira destino: Mais no alto ou abaixo, à esquerda ou à direita? Acabei me conformando com o mesmo plano em que eu estava, e num ponto logo a minha frente.
O “Edifício para o Sucesso” foi um exemplo realista da compatibilização entre o ideal e o exequível. Ao contrário do desejado, os andares tiveram que ser iniciados e terminados um a um, e não num arremesso só, do térreo ao topo.
A tão desejada “Poção da Longevidade” acabou se transformando numa ocre e ácida mistura impossível de ser ingerida.
E, finalmente, a grande esperança final, o “Foguete para a Eternidade” acabou em grande fracasso: Explodiu no lançamento.
Hoje, no lusco-fusco da vida, pergunto: Foi uma boa escolha? Não sei, mas, afirmo: Capaz de decifrar a realidade e traçar os melhores caminhos, foi.
César Cantu
São Paulo, 19.12.21
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