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A Prisão Inevitável do Maior Criminoso da República

Amaury Monteiro Junior


A frase que encerra o artigo de Celso Rocha de Barros na Folha de São Paulo deve ser gravada na memória nacional: “Enquanto você estiver assistindo à chegada de Jair na cadeia, lembre-se: ali vai o maior criminoso da história da República”. Esta não é uma mera hipérbole de opinião, mas a conclusão fria e inegável extraída de um projeto de poder que atuou sistematicamente contra a vida, o patrimônio nacional e os pilares do Estado Democrático de Direito.


A esperada condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, e o consequente cumprimento de pena, não será um ato de vingança, mas o triunfo da institucionalidade democrática e o resultado inevitável de um processo legal fundamentado em provas e fatos que remontam a mais de uma década.


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I. A Doutrina da Negação: O Projeto de Destruição Institucional


A trajetória política de Bolsonaro revelou um padrão consistente de desrespeito à Constituição e às bases da sociedade civilizada, culminando em uma gestão marcada pelo desmonte estratégico e pelo ímpeto autoritário.


1. A Exaltação da Violência e a Ruptura com a Democracia


O louvor explícito ao torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, feito por Bolsonaro na sessão de votação do impeachment de Dilma Rousseff em 2016, não foi um deslize, mas a declaração de guerra à memória e à justiça. Ao honrar um dos maiores algozes da Ditadura, ele sinalizou seu alinhamento com a violência de Estado e a negação dos princípios que fundaram a Nova República.


2. O Crime Contra o Patrimônio, o Futuro e a Soberania Nacional


O governo agiu como um agente de espoliação dos ativos nacionais e do futuro do país, entregando riquezas estratégicas e condenando o Brasil ao atraso tecnológico.

  • Dilapidação de Estruturas Estratégicas: O enfraquecimento das empresas nacionais foi sistêmico. Além da questionável privatização da Eletrobrás, a Petrobras foi alvo de um intenso desmembramento e venda de ativos cruciais nas áreas de distribuição, fertilizantes, refino (como a Refinaria Landulpho Alves – RLAM, na Bahia), e até mesmo em importantes áreas de produção de petróleo bruto. Essas ações resultaram na perda de valor para o povo brasileiro e enfraqueceram a capacidade soberana do Estado de atuar em setores estratégicos.

  • O Atraso Tecnológico: Na contramão da história e do desenvolvimento mundial, que vive a era da alta tecnologia, o governo promoveu o fechamento de empresas estratégicas de produção de semicondutores, vitais para o desenvolvimento tecnológico atual, jogando o país em uma dependência ainda maior da aquisição de produtos acabados de países desenvolvidos.

  • Ataque à Ciência e Educação: O sucateamento de universidades e os bloqueios orçamentários recordes no Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) minaram a capacidade do país de gerar soluções próprias e se desenvolver tecnologicamente.


3. A Destruição Ambiental e Social


O governo promoveu uma política que visava fortalecer o papel do país como mero produtor de commodities, com graves consequências ambientais e sociais:

  • Destruição de Estruturas de Fiscalização: A destruição de estruturas importantes como a FUNAI e o enfraquecimento do IBAMA e ICMBio resultaram no aumento dos desmatamentos, incêndios florestais e grilagens de terras em importantes biomas.

  • Essa política condenou o país a um modelo atrasado e insustentável, comprometendo o futuro em nome da aquisição de produtos acabados estrangeiros.

  • Regressão Social: Como reflexo direto dessa política predatória, o Brasil retornou ao Mapa da Fome da ONU. O dado da Rede Penssan (2022), que apontou 33 milhões de brasileiros em situação de fome extrema, é a evidência cabal da falência moral e administrativa.


4. O Uso Perverso das Forças Armadas e a Corrosão Institucional


O projeto de Bolsonaro não se limitou à destruição econômica e social; ele atacou o princípio da neutralidade estatal ao arrastar as Forças Armadas para o centro do debate político-partidário. O aparelhamento recorde de cargos civis por militares — sem precedentes na história da República — e a instrumentalização das instituições de segurança para endossar a desconfiança cínica no processo eleitoral corroeram a imagem das Forças e subverteram sua função constitucional de defesa da Pátria. Esse uso desvirtuado teve o único propósito de construir uma base de apoio autoritária, preparando o terreno para a ruptura democrática.


II. O Homicídio Institucional: A Tragédia da COVID-19


O ato mais grave, que cimenta a qualificação de “maior criminoso da história da República”, é a conduta adotada na pandemia da COVID-19.


O ex-presidente praticou o negacionismo institucional, debochando publicamente das vítimas e de suas famílias. A política de anti-vacina, anti-ciência e perseguição a técnicos e cientistas não foi omissão: foi uma ação deliberada.


O Relatório Final da CPI da COVID recomendou o indiciamento do ex-presidente por crimes como Epidemia com Resultado Morte e Prevaricação. O governo insistiu em “soluções inócuas” e se recusou a comprar vacinas em tempo hábil.


A Prova Gráfica da Culpa: Se analisarmos o excesso de mortalidade na COVID-19, vemos que os picos de óbitos no Brasil ocorreram em 2021, após o início das campanhas globais de vacinação. Essa curva prolongada de mortes, em contraste com a rápida queda vista em países que agiram com seriedade, é a evidência gráfica inquestionável da responsabilidade criminal do ex-presidente, cuja lentidão e negacionismo custaram a vida de boa parte dos quase 700.000 brasileiros mortos.


“Essa curva prolongada de mortes, em contraste com a rápida queda vista em países que agiram com seriedade, é a evidência gráfica inquestionável da responsabilidade criminal do ex-presidente, cuja lentidão e negacionismo custaram a vida de boa parte dos quase 700.000 brasileiros mortos. Esses dados são corroborados por instituições de monitoramento internacional como a Our World in Data e estudos de referência do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME) da Universidade de Washington, que compararam a gestão da crise brasileira com a de nações que priorizaram a ciência.”


Análise do Gráfico:

  • Eixo X (Horizontal): Representa o tempo, em meses, de janeiro de 2020 a dezembro de 2022.

  • Eixo Y (Vertical): Indica o Excesso de Mortalidade, em milhares de óbitos por milhão de habitantes, mostrando as mortes acima do esperado para cada período.

  • Linha Vermelha (Brasil): Ilustra a trajetória do Brasil, com um aumento gradual do excesso de mortalidade em 2020. Contudo, o gráfico destaca um pico muito acentuado e prolongado ao longo de 2021, com uma queda visível apenas de forma mais lenta e tardia.

  • Linha Azul Tracejada (Países com Estratégia Vacinal Antecipada): Representa a média de países desenvolvidos (como EUA, Reino Unido, Israel), que mostram picos de mortalidade em 2020, mas uma queda acentuada e sustentada a partir do final de 2020 e início de 2021. Essa queda coincide diretamente com o início de suas campanhas massivas de vacinação.

  • Área Sombreada em Verde: Demarca o “Período Crítico de Atraso Vacinal no Brasil”. É nesse intervalo que a curva de mortalidade do Brasil se distancia dramaticamente da de outros países, revelando o impacto direto da demora na aquisição e distribuição de vacinas.

  • Pontos de Anotação:

    • “Final de 2020”: Aponta o início da vacinação em massa em países desenvolvidos.

    • “Ponto B (Pico de mortalidade no Brasil)”: Mostra o auge da crise de óbitos no Brasil, diretamente atribuível às políticas negacionistas do governo.

    • “Final de 2021 (Queda de mortalidade no Brasil)”: Indica o momento em que a vacinação, apesar de tardia, começa a ter efeito na redução das mortes.


O gráfico demonstra, de forma inequívoca, que enquanto países com estratégias de vacinação eficientes começaram a reduzir suas mortes por COVID-19 no início de 2021, o Brasil, devido à política negacionista e de atraso na compra de imunizantes do governo Bolsonaro, experimentou um pico devastador e prolongado de mortalidade. Essa é a evidência visual do custo humano da irresponsabilidade governamental.


III. A Resposta Implacável da Justiça: O Fim da Impunidade

O crescimento do crime organizado durante seu mandato é mais uma prova da deterioração sistêmica sob sua gestão. A democracia brasileira não falhou, agindo com a paciência processual de reunir provas, delações e evidências em inquéritos conduzidos pelo STF e TSE, que resultaram em sua inelegibilidade por abuso de poder político.

A Justiça desvendou a trama golpista que ele orquestrou. A descoberta de documentos como a “minuta do golpe” — que previa a prisão de Ministros do STF e a subversão das regras constitucionais — e o uso de sua estrutura de poder para monitoramento ilegal e planejamento da ruptura, elevam o patamar de seus crimes para o de atentado direto contra o Estado Democrático de Direito.


A expectativa de condenação e o início do cumprimento da pena na semana de 24/11 a 30/11/2025 será o marco que sela o princípio de que ninguém está acima da lei.


A Necessidade da Prisão Preventiva


A transição da prisão domiciliar para a prisão preventiva em estabelecimento do Estado, imposta pela Justiça, foi uma medida necessária e merecida. O ex-presidente demonstrou desrespeito contínuo às cautelares, tentando retomar os métodos de sua quadrilha:

  1. A tentativa de danificar a tornozeleira eletrônica, sinalizando intenção de fuga.

  2. A incitação de apoiadores para criar um cenário de descontrole que pudesse ser explorado para a evasão.

  3. A articulação de uma rede de apoio (incluindo mídias e redes sociais) para dar cobertura à fuga antes do trânsito em julgado.


O lugar de quem planeja a fuga da Justiça e tenta subverter o processo legal é na cadeia.


O Resto da Quadrilha


É imperativo que a Justiça estenda seu rigor a todos os membros da organização criminosa que ele montou e dirigiu. Os filhos, tão quadrilheiros quanto ele, que tramaram contra o Brasil junto com o governo Trump, forças do atraso e vendilhões da pátria, esperam o mesmo tratamento: processo judicial, condenação, prisão e o banimento da vida pública por muitos anos.


O Brasil precisa se oxigenar e limpeza ética para voltar a debater com seriedade seus problemas vitais, em busca de um futuro de dignidade para as próximas gerações.


Por um Brasil Democrático, Soberano, Socialmente Justo e Igualitário!

A cadeia é o lugar de meliante!


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