Brasil apresentará na COP30 barco brasileiro movido a hidrogênio verde que reduz 80% das emissões
- Miguel Manso
- há 18 horas
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Projeto pioneiro posiciona país na vanguarda da descarbonização marítima; embarcação Explorer H1 está em fase final de testes no mar e conclusão está prevista para janeiro de 2026
"H-Brasil: Do Agro-Poder ao Hidro-Poder - Posicionando o Brasil como a Bio-Eletro Potência Verde do Século XXI"
A Revolução Fluvial Brasileira: A Amazônia como Propulsora de uma Indústria Naval de Alta Tecnologia e Baixo Carbono
A Engenharia do Brasil propõe a criação do Programa Estratégico de Mobilidade Fluvial Sustentável (PROMFS) para consolidar este ecossistema.
Por Miguei Manso
A navegação marítima transporta cerca de 90% do comércio mundial e responde por quase 3% das emissões mundiais de dióxido de carbono e tem enfrentado apelos de ambientalistas e investidores para adotar ações mais concretas para redução de emissões.
O hidrogênio verde pode ser considerado o combustível marítimo com menor emissão (SUBCOMITÊ DE COMBUSTÍVEIS MARÍTIMOS, IMO, 2022)*.
No mundo, considerando projetos com financiamento público para o desenvolvimento de combustíveis alternativos, o hidrogênio lidera, com 40% dos projetos, seguido de metanol (20%) e amônia (14%).
Projeções da Bloomberg New Energy Finance (BNEF, 2023) para o custo nivelado para a produção de hidrogênio entre os principais mercados do mundo colocam o Brasil na primeira posição.
Pesquisas científicas
Os barcos JAQ H1 e JAQ H2 servirão como laboratórios flutuantes com o objetivo de preservar a vida fluvial e marítima e promover um futuro saudável para o nosso planeta. (extraido de https://www.jaqh2.com.br/#quem-somos)

Em matéria publicada no dia 25 de set. de 2025 da jornalista Sofia Schuck do Exame registra esta importante novidade da engenharia náutica do Brasil.
O Brasil se prepara para dar um passo significativo na descarbonização do setor náutico com o desenvolvimento do primeiro barco nacional movido a hidrogênio verde, uma parceria estratégica entre a JAQ Apoio Marítimo, o Grupo Náutica, o Itaipu Parquetec e a GWM.
O projeto, anunciado nesta semana durante o São Paulo Boat Show, se consolida como iniciativa pioneira que posiciona o país na vanguarda da inovação marítima sustentável e será apresentado ao mundo na COP30 em Belém do Pará.
Quando concluída, a solução promete reduzir em até 80% as emissões de dióxido de carbono.
O setor marítimo representa hoje cerca de 3% das emissões globais de CO₂ e as tecnologias verdes são aliadas para reduzir seu impacto, mas um dos grandes desafios ainda é ganharem escala.
Segundo a Associação Náutica (Acobar), projetos como este são raros em escala mundial. Atualmente, existem apenas algumas experiências limitadas em curso na China.
A embarcação Explorer H1, com 36 metros de comprimento, está sendo construída no estaleiro Arpoador, em Guarujá, e adaptada no estaleiro Inace, em Fortaleza. Atualmente com 80% das obras concluídas, o barco já se encontra em fase final de testes no mar.
COP30 será palco da inovação
Durante a COP30, o barco será exposto operando sistemas completos com hidrogênio verde, marcando simbolicamente o compromisso do Brasil com transportes mais sustentáveis.
Este gás limpo é obtido por meio da eletrólise da água — um processo que separa as moléculas de água (H₂O) em hidrogênio (H₂) e oxigênio (O₂) usando eletricidade.
O que o torna "verde" é o uso exclusivo de fontes renováveis como energia solar, eólica ou hidrelétrica, onde o Brasil tem vantagens comparativas naturais únicas e tem potencial de liderança global para descarbonizar indústrias intensivas em energia e exportar a solução para o mundo.
Na COP30, a embarcação ainda não estará 100% pronta e demonstrará parte de seu potencial ecológico. A operação limpa irá abastecer apenas a energia elétrica interna, incluindo ar-condicionado, iluminação e equipamentos eletrônicos, garantindo um total de zero emissões.
a segunda fase do projeto, prevista para janeiro de 2026, traz a inovação completa: motores híbridos que combinam 20% de hidrogênio com óleo diesel.
Expansão da solução verde
Os planos brasileiros não param por aí: também está em construção no Guarujá a segunda embarcação, denominada Explorer H2. A previsão de entrega é 2027 e o projeto promete ser ainda mais inovador, com capacidade de produzir seu próprio hidrogênio a bordo.
A tecnologia planejada incluirá a extração do gás diretamente da água do mar, por meio de processos de dessalinização, eletrólise e células de combustível.
A iniciativa é da A JAQ Apoio Marítimo EBN, fundada em 2021, nasceu com a missão de desenvolver soluções tecnológicas inovadoras para descarbonizar a navegação.
Mais do que apenas substituir combustíveis fósseis por fontes de energia limpas, a JAQ busca aplicar seus produtos em iniciativas que promovam a educação ambiental e a preservação dos biomas marinhos e fluviais do Brasil.
Idealizada por Ernani Paciornik — fundador do Grupo Náutica, do Boat Show, cofundador do projeto SOS Mata Atlântica e criador, em parceria com o cartunista Ziraldo, da campanha “Só jogue na água o que o peixe pode comer” — a JAQ carrega em seu DNA uma combinação única de solidez empresarial, profundo conhecimento do mercado náutico e compromisso genuíno com a preservação ambiental.
Para a construção das embarcações JAQ H1 e JAQ H2, a empresa estabeleceu uma parceria com o Itaipu Parquetec, o parque mais completo em soluções sustentáveis para tecnologias do futuro e transição energética, com mais de uma década de experiência na produção de hidrogênio verde.



A Revolução Fluvial Brasileira: A Amazônia como Propulsora de uma Indústria Naval de Alta Tecnologia e Baixo Carbono
Do JAQ H1 à Soberania Verde: Como a Demanda por Mobilidade Fluvial Sustentável na Amazória Pode Catalisar uma Nova Indústria Nacional.
A imensa e complexa rede hidroviária da Amazônia representa um desafio logístico e de segurança permanente para o Estado brasileiro. As atuais embarcações utilizadas pelas Forças Armadas e por agências de segurança pública, em sua maioria, são adaptações de projetos ultrapassados, ineficientes e poluentes. Este artigo argumenta que esta defasagem tecnológica não é um problema, mas uma oportunidade única.
A demanda operacional da Amazônia, somada à visibilidade global da COP 30, pode e deve ser o motor para o desenvolvimento de uma indústria naval nacional de alta tecnologia, focada em embarcações modulares, sustentáveis e de propulsão limpa, tendo o JAQ H1 como protótipo seminal. Propõe-se a criação de um
A Engenharia do Brasil propõe a criação do Programa Estratégico de Mobilidade Fluvial Sustentável (PROMFS) para consolidar este ecossistema.
1. Introdução: O Desafio Logístico como Semente da Inovação
A Amazônia Legal brasileira é um território continental onde os rios funcionam como estradas, veias de comércio e fronteiras fluidas. Para as Forças Armadas (Exército, Marinha, Força Aérea), Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Forças Estaduais de Segurança, a mobilidade fluvial não é uma opção, mas a condição sine qua non para presença, vigilância, logística e ação do Estado. No entanto, a frota existente frequentemente reflete uma doutrina do passado: embarcações pesadas, de alto calado, consumo ineficiente de combustível fóssil e limitada versatilidade.
Este cenário, em contraste com a urgência das mudanças climáticas e a necessidade de soberania tecnológica, cria uma lacuna estratégica. É nesse vácuo que emerge a oportunidade, materializada no protótipo JAQ H1 – uma lancha de pesquisa cientifica que pode ser utilizada para patrulha e resposta rápida, desenvolvida com design inovador, materiais compostos e propulsão a hidrogênio verde.
2. A Fundamento da Oportunidade: Uma Demanda Estratégica e Multifacetada
A necessidade por novas embarcações é diversa e urgente, justificando um investimento de escala industrial:
Patrulha e Vigilância: Embarcações rápidas, stealth (furtivas) e de longo alcance para a fiscalização de fronteiras, combate a crimes transnacionais e proteção de infraestruturas críticas.
Logística e Apoio: Barcaças e navios de apoio com baixo calado para transporte de equipamentos, veículos e suprimentos para bases avançadas e comunidades isoladas movidas a combustivel limpo como hidrogênio verde.
Busca e Salvamento (SAR): Embarcações de alta estabilidade e capacidade de operar em condições adversas para missões de salvamento.
Transporte de Tropas e Comandos: Lanchas versáteis para deslocamento rápido de efetivos, com modularidade para diferentes tipos de missão.
Pesquisa e Desenvolvimento: Embarcações-laboratório para universidades e institutos de pesquisa monitorarem a biodiversidade e as mudanças climáticas in loco.
3. O JAQ H1 na COP 30: Um Símbolo do Brasil do Futuro
A apresentação do JAQ H1 durante a COP 30 em Belém não é mera coincidência. É um ato de comunicação estratégica de alto impacto. A embarcação se torna um símbolo tangível de como o Brasil pode:
Conciliar Soberania e Sustentabilidade: Demonstrar que a presença do Estado na Amazônia pode ser feita com tecnologia de ponta e baixo impacto ambiental.
Exportar um Modelo: Apresentar ao mundo uma solução tecnológica nascida para resolver um problema brasileiro, mas com aplicabilidade global em todas as regiões de rios e deltas.
Sinalizar Liderança Tecnológica: Posicionar o país não apenas como guardião da floresta e seu hidro sistema, mas como desenvolvedor das ferramentas necessárias para sua proteção e desenvolvimento sustentável.
A propulsão híbrida do JAQ H1 é o primeiro passo. O caminho natural é a migração para propulsão elétrica a bateria (para missões de curto alcance) e, finalmente, a célula a combustível a hidrogênio verde (H2V) – produto da energia limpa nacional – para missões de longo alcance e alta autonomia.
4. A Proposta Inovadora: O Programa Estratégico de Mobilidade Fluvial Sustentável (PROMFS)
Para transcender o estágio de protótipo e criar uma indústria robusta, é necessária uma ação coordenada do Estado. Propõe-se o PROMFS, baseado em três eixos:
Eixo da Demanda Articulada (A âncora do programa):
O Estado (por meio do Ministério da Defesa, Ministério da Justiça e Segurança Pública e Casa Civil) consolidará uma "Carta de Necessidades Operacionais para a Amazônia" com previsão de demanda por 10 anos.
Esta carta servirá como garantia de mercado para a indústria, permitindo investimentos de longo prazo em plantas fabris e P&D.
Eixo da Inovação e Desenvolvimento Industrial (O núcleo tecnológico):
Criação de um Consórcio de Inovação em Mobilidade Fluvial envolvendo estaleiros nacionais, universidades (como ITA, UFPA, UFRJ), centros de pesquisa (IPEAM, SENAI CIMATEC) e empresas de tecnologia.
Foco no desenvolvimento de uma "Plataforma Modular de Embarcações Militares e de Segurança", com cascos, sistemas de propulsão e módulos de missão padronizados, permitindo economia de escala e customização.
Investimento agressivo em P&D para domínio da cadeia de fuel cells, baterias de alta densidade e sistemas de gestão de energia para embarcações.
Eixo de Sustentabilidade e Mercado Global (A visão de futuro):
Estabelecimento de metas graduais de descarbonização para a frota estatal, criando um roadmap claro para a adoção do H2V.
Desenvolvimento de um "Selo Amazônia Sustentável" para embarcações, atestando os mais altos critérios de eficiência energética, baixa emissão de ruído e poluição zero.
Posicionamento no mercado global de embarcações para missões especiais, segurança portuária e pesquisa científica, exportando a tecnologia e o know-how desenvolvidos para a Amazônia.
Da Lancha à Liderança Industrial
A Amazônia, com seus rios majestosos, sempre foi um teste para a capacidade logística e de engenharia do Brasil. O século XXI impõe que este desafio seja superado com soluções do século XXI. O JAQ H1 na COP 30 é o ponto de partida.
Ao fundamentar a necessidade das Forças Armadas e de Segurança Pública em uma visão estratégica de industrialização verde, o Brasil pode transformar uma demanda operacional em um vetor de desenvolvimento econômico e tecnológico.
A navegação fluvial na Amazônia deixará de ser um capítulo de dificuldades para se tornar a propulsora de uma nova e pujante indústria nacional, alinhando soberania, segurança, sustentabilidade e inovação em um projeto único para o futuro do país. A hora de lançar as bases dessa revolução fluvial é agora.
"H-Brasil: Do Agro-Poder ao Hidro-Poder - Posicionando o Brasil como a Bio-Eletro Potência Verde do Século XXI"
Problema Central: A transição energética global demanda não apenas a substituição de fontes fósseis por renováveis, mas também a criação de vetores energéticos limpos e densos para setores de difícil eletrificação, como o transporte pesado, marítimo e aéreo, e indústrias de alto consumo. O Brasil, com sua matriz elétrica majoritariamente renovável, corre o risco de se limitar a ser um exportador de commodities verdes (H2V) sem agregar valor e sem internalizar os benefícios industriais e tecnológicos.
Tese Principal (Proposta Inovadora): O Brasil não deve ser apenas o "celeiro" ou a "mina" de hidrogênio verde do mundo. Deve aspirar a se tornar uma "Bio-Eletro Potência Integrada", onde a produção de H2V seja o núcleo de um ecossistema industrial completo e inovador. Isso inclui:
A "Usina Flex-H2": Integração sinérgica entre a geração solar, eólica, biocombustíveis (etanol e biodiesel) e hidrelétricas para produzir H2V com custo e resiliência inigualáveis, superando a intermitência das fontes puramente eólicas e solares.
A "Rota Bio-Hidrogênica": Utilização da infraestrutura logística e do conhecimento agroindustrial dos biocombustíveis para criar corredores verdes de abastecimento de H2V, acelerando a adoção no transporte pesado nacional.
A Indústria do Hidro-Mobilidade: Atração e desenvolvimento de uma cadeia produtiva local para a fabricação de fuel cells (células a combustível), veículos pesados movidos a H2 e equipamentos de eletrólise, transformando o país não só em produtor de energia, mas em um polo de tecnologia de transição energética.
Uma análise qualitativa baseada em dados secundários de agências (EPE, IRENA, IEA), estudos de caso de projetos piloto (como a usina de H2V em Pecém, CE) e benchmarking de políticas industriais bem-sucedidas em outros setores (ex.: programa do Pré-Sal para conteúdo local) é necessária para este planejamento estratégico nacional.
Fundamentando o Papel do Brasil na Geração de Energia Limpa e no Hidrogênio Verde
H-Brasil: Do Agro-Poder ao Hidro-Poder - Posicionando o Brasil como a Bio-Eletro Potência Verde do Século XXI
A transição energética global coloca o Brasil em uma posição ímpar. Dotado de uma das matrizes elétricas mais renováveis do planeta, o país possui o potencial para se tornar um líder na produção de hidrogênio verde (H2V), um vetor crucial para a descarbonização.
No entanto, a estratégia brasileira não pode se limitar à exportação de H2V. \E preciso um modelo inovador de "Bio-Eletro Potência Integrada", no qual a sinergia entre fontes renováveis complementares (hídrica, solar, eólica e biocombustíveis) e o desenvolvimento de uma cadeia industrial doméstica de "hidro-mobilidade" podem catapultar o Brasil para a vanguarda da economia verde global, internalizando empregos, tecnologia e soberania energética.
1. O Atlas Energético de um Novo Mundo
O consenso científico sobre as mudanças climáticas e os imperativos geopolíticos de segurança energética estão redefinindo o mapa econômico mundial. Neste novo atlas, nações com abundância de recursos renováveis assumem papel estratégico.
O Brasil, com sua matriz elétrica com mais de 80% de fontes renováveis, emerge não apenas como uma potência ambiental, mas como um ator central na solução do dilema energético global.
O hidrogênio verde, produzido pela eletrólise da água usando eletricidade renovável, surge como a peça que faltava para descarbonizar a indústria pesada e o transporte de longa distância. As fundações do Brasil nesse cenário apresenta uma proposta visionária para o país, que transcende o papel de produtor primário e se consolide como uma potência industrial verde integrada.
2. Os Pilares da Liderança Brasileira em Energia Limpa
A competitividade do H2V é diretamente proporcional ao custo e à confiabilidade da energia renovável. O Brasil possui vantagens comparativas inigualáveis:
Matriz Elétrica Diversificada e Resiliente: Diferente de países que dependem majoritariamente de eólica e solar, o Brasil conta com sua vasta base hidrelétrica. As hidrelétricas, especialmente os reservatórios, funcionam como "baterias naturais", garantindo estabilidade ao sistema e fornecendo energia firme para a eletrólise, mitigando a intermitência. Isso resulta em um fator de capacidade potencialmente mais alto para as usinas de H2V.
Potencial Solar e Eólico de Classe Mundial: O Nordeste brasileiro possui uma das melhores irradiações solares e regimes de vento do planeta, com custos de geração entre os mais baixos do mundo. O interior do país oferece vastas áreas para a instalação de megaparques renováveis dedicados à produção de H2V.
A Força dos Biocombustíveis: O Brasil é o segundo maior produtor de etanol do mundo, detendo uma expertise ímpar em biocombustíveis. O etanol pode ser uma rota alternativa para a produção de hidrogênio (reformagem) e, crucialmente, sua infraestrutura logística (rodovias, dutos, terminais) e sua cadeia de distribuição podem ser adaptadas para o H2V, criando uma "ponte tecnológica" de baixo custo.
3. Hidrogênio Verde: O Combustível que Conecta o Brasil ao Mundo
O H2V é a chave para setores onde a eletrificação direta é inviável:
Transporte de Carga Pesada: Caminhões de longo percurso exigem alta densidade energética e reabastecimento rápido, características dos veículos movidos a célula a combustível de hidrogênio.
Aviação e Navegação Marítima: Combustíveis sintéticos derivados do H2V (e-Fuels) são a alternativa mais promissora para a aviação e navios de grande porte.
Indústria de Base: Siderurgia, fertilizantes e química, setores intensivos em energia e emissões, podem utilizar o H2V para substituir o carvão e o gás natural.
O Brasil pode suprir tanto a demanda interna por uma logística mais limpa quanto se tornar um exportador de H2V e seus derivados (amônia verde, e-metanol) para a Europa e Ásia, países com menor potencial renovável.
4. A Proposta Inovadora: O Modelo de Bio-Eletro Potência Integrada
Para evitar a reprimarização da economia (mera exportação de commodity verde), propõe-se um modelo triplo:
A "Usina Flex-H2": Em vez de parques puramente eólicos ou solares, desenvolver complexos que integrem essas fontes com a geração hídrica e, potencialmente, com biorefinarias. A energia hidrelétrica garante a operação contínua da eletrólise, enquanto a solar e eólica reduzem o custo médio. Em períodos de seca, os biocombustíveis podem complementar a geração ou servir como matéria-prima alternativa. Este modelo híbrido oferece um produto final (H2V) mais barato e confiável.
A "Rota Bio-Hidrogênica": Identificar os principais corredores de transporte de grãos e combustíveis (ex.: rota Centro-Oeste -> portos de Santos e São Luís) e implementar uma infraestrutura inicial de abastecimento de H2V. Usar os postos de combustíveis existentes e a expertise da indústria de etanol para criar os "postos verdes" do futuro, acelerando a criação de um mercado interno.
A Indústria da Hidro-Mobilidade: Atrair, via políticas de conteúdo local inteligentes e parcerias P&D, fábricas de fuel cells, caminhões a hidrogênio e equipamentos de eletrólise. Criar um "Programa Nacional de Hidro-Mobilidade" que una empresas nacionais (como fabricantes de ônibus e caminhões), universidades e centros de tecnologia (como o SENAI CIMATEC) para dominar a tecnologia e gerar empregos de alta qualificação.
Uma Estratégia de Estado para o Século XXI
O Brasil está diante de uma janela de oportunidade histórica.
A transição energética é um fenômeno econômico e industrial, não apenas ambiental.
Para capturar todo o valor dessa nova fronteira, o país deve adotar uma visão ousada e integrada.
A proposta da "Bio-Eletro Potência" articula as vantagens naturais do Brasil com uma estratégia industrial proativa.
Ao fazer a transição do "Agro-Poder" – já consolidado – para o "Hidro-Poder", o Brasil pode assegurar não apenas a sustentabilidade do seu desenvolvimento, mas também um lugar de liderança na economia do futuro, exportando não apenas energia, mas tecnologia, inovação e um modelo de descarbonização bem-sucedido para o mundo.
A hora de investir nessa visão é agora.
Miguel Manso é Engenheiro eletrônico formado pela USP, com especialização em Telecomunicações pela Unicamp e em Inteligência Artificial pela UFV, diretor de Políticas Públicas da EngD – Engenharia pela Democracia, pesquisador da FDTE - Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia e da Fundação Maurício Grabois.

