Debate na SBPC destaca importância da Nuvem Soberana brasileira
- EngD
- 27 de ago.
- 2 min de leitura
Atualizado: 29 de ago.
Durante um evento da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em Pernambuco, o engenheiro Pedro Alves levantou uma questão que chamou a atenção do ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz Maciel: a urgência de o Brasil ter sua própria nuvem de dados, garantindo soberania digital diante do domínio das Big Techs.
Pedro Alves iniciou sua intervenção destacando que as grandes empresas de tecnologia controlam livremente os dados digitais e que, de forma clara, serviços de inteligência dos Estados Unidos têm acesso e monitoram essas informações.
“Construir um data center e uma nuvem não é segredo. Temos especialistas e provedores no Brasil que dominam essa tecnologia. Mas o ministro está planejando usar nuvens próprias e seguras para o país? Essa é uma questão de soberania digital absoluta”, questionou o engenheiro.
Dependência Externa e Impacto Ambiental
O debate ganha força quando estatísticas sobre a infraestrutura de são foram apresentados:
BigTechs já faturam mais do que todas as empresas tradicionais de comunicação no Brasil somadas.
Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), em 2022 os data centers consumiram 1,5% da eletricidade global; com a transmissão de dados, esse consumo chega a 3%.
O Lincoln Laboratory do MIT estima que, até 2030, data centers podem representar 21% do consumo global de energia.
Cerca de 60% das transações digitais brasileiras ainda são processadas fora do país, segundo o Ministério da Fazenda.
Essa realidade levanta uma questão crítica: como manter a infraestrutura digital necessária sem comprometer a soberania nacional e aumentar os impactos ambientais?
O Obstáculo da Dívida Pública
Pedro Alves também chamou atenção para um entrave econômico: a dívida pública brasileira, que consome quase R$ 1 trilhão por ano, limitando o investimento em infraestrutura estratégica, como data centers nacionais.
“Com uma SELIC alta e políticas que favorecem o rentismo, o país perde capacidade de investir em soluções próprias, como a nuvem soberana, essencial para garantir nossa independência tecnológica”.
Ministro Wolney Queiroz: Uma Confissão Sobre a Nuvem Soberana
Em resposta, o ministro Wolney Queiroz fez uma declaração sincera e bem-humorada:
“Confesso que ontem à noite estudei profundamente sobre nuvem soberana, preparei discurso e fiquei encantado com o tema. Mas fui desaconselhado a falar sobre isso hoje, já que meu foco é a Previdência Social. Ainda assim, esse assunto me emociona, porque acredito que o Brasil precisa ter sua própria nuvem, assim como a China, para proteger nossa soberania digital.”
O ministro destacou que o país possui capacidade tecnológica, recursos humanos qualificados e conhecimento para desenvolver uma infraestrutura de nuvem nacional. Ele revelou ainda que já conversou com o presidente da Dataprev e pretende dialogar com a ministra Luciana Santos, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, para entender os planos do governo nessa área.
“Montar a nossa nuvem é essencial. Precisamos garantir que os dados e a vida digital dos brasileiros estejam sob controle do país, protegendo a soberania nacional diante de ataques externos.”
Conclusão: Um Desafio para o Futuro do Brasil
O encontro na SBPC deixou claro que a nuvem soberana não é apenas uma questão tecnológica, mas estratégica para o Brasil, envolvendo segurança, economia e sustentabilidade. O tema, embora transversal às áreas de ciência, tecnologia e economia, promete ganhar destaque nas discussões nacionais sobre soberania digital.
Comentários