Cládice Diniz
Neste Dia Internacional da Mulher, a Engenharia pela Democracia – EngD se congraça com as mulheres, se alegrando com o que elas conseguiram com suas lutas e sua resiliência frente ao preconceito, injustiças e violência, definindo os seus atuais direitos; e se alinha a elas, buscando apoiar e fortalecer aquelas que estão na batalha para impedir retrocessos e ampliar as conquistas.

Sobre isso, uma das participantes da EngD, a poetisa Adelina Maria Martins, formada em Pedagogia e Assistência Social, especialista em Relações Étnica e Raciais, que atua no Coletivo Cultural Cenário Urbano com o Projeto Sarau Afro A Poesia como instrumento de reflexão e no Coletivo Coró, Coró de Histórias Contadas e Cantadas, observa que a luta das mulheres negras e indígenas é mais dura e nos traz o poema de Martin Luther King:
Nós não somos o que gostaríamos de ser
Nós não somos o que ainda iremos ser.
Mas, graças a Deus,
Não somos mais quem nós éramos.
Essa ideia de superação e prontidão para criar um amanhã melhor para todas nos irmana.
Adelina Maria Martins homenageou as engenheiras com um poema seu, na abertura do debate Igualdade de salários e oportunidades para as mulheres, evento ocorrido em 19 de março de 2024 e que foi uma realização conjunta da EngD, Clube de Engenharia do Brasil e da Associação Brasileira das Engenheiras e Arquitetas – ABEA.
O poema “Não vou mais lavar pratos quero ser engenheira” recebeu inspiração das falas e discussões do grupo de mulheres em que participa na EngD, sobre as dificuldades enfrentadas, o que muito nos honra e maravilha. Foi incluído pela poetisa em seu livro Todos nós poetas somos da paz, livro que aqui divulgamos como brinde por esta data comemorativa aos leitores.

Adelina nasceu em 1954, é poeta desde 2010 e participou de seis coletâneas de poesias antes de lançar esse livro solo. Autora premiada em 2022 com o projeto Sarau Afro A Poesia como instrumento de reflexão; e 2023, ganhou o Prêmio Pretas Potencias, patrocinado pelo governo federal. Em 2024, ganhou o Prêmio Troféu Periferia Brasil de Arte Urbana. O livro Todos nós poetas somos da paz, com linguagem lírica e direta, provocativa e contestadora, não somente nos apresenta a realidades das pessoas pretas, mas também traz as experiências da poetisa, bem retratadas da lente de sua vivência de mulher com ancestralidade africana, assim como apresenta outras questões trazidas de seu rico imaginário e experiências diárias. Pode ser adquirido diretamente com a autora, contatando pelo e-mail <pontoleitura@gmail.com>e/ou celular (11)987576306 e <https://www.instagram.com/sarauafropoesianegra/>.

A todos, aguarda um presente maior da poetisa, que lhes oferece aqui a publicação do poema, para que comemorem a data com sonho, ternura e determinação na busca dos direitos das mulheres.
No poema que ela nos presenteia, mescla o sonho de uma mulher em se descobrir que pode não somente se dedicar a trabalhos braçais, como lavar pratos, como também ser engenheira, de forma a não se limitar ao trabalho cotidiano da profissão e sim “construir um mundo de paz e outras realidades”, “construir carros que voam e possam nos levar para o futuro”.
NÃO VOU MAIS LAVAR PRATOS
QUERO SER ENGENHEIRA
ADELINA MARIA MARTINS
Não vou mais lavar pratos
Quero ser engenheira para construir um mundo com paz mundial
Quero construir um mundo de paz e outras realidades
Vou construir carros que voam e possam nos levar para o futuro
Hoje eu acordei e descobri que posso ser engenheira
Posso construir pontes que nos leva a outro patamar
E sinto que posso começar a qualquer minuto
Vou construir prédios com pessoas cheia de esperança
E promover a consciência pacifica no mundo
Não lavo mais pratos, entendi que posso
Ser tudo o que quiser basta eu querer,
Posso até ser presidente
Não venham me falar que ser mãe é muito importante
Que nascemos para isso e vir dizer o que fazer
E nos dar um lugar, de dona de casa.
Não lavo mais pratos
Quero ser engenheira, para promover a liberdade,
A igualdade racial entre gênero e raça e cultura mestiça
Que “marcarão a modernidade e a contemporaneidade
“Brasileira” entre homens e mulheres libertos sem receios
Nós mulheres pensamos no futuro do nosso povo
Queremos ser engenheira, química, civil, elétrica,
Mecânica, mecatrônica, e de produção eletrotécnica,
Agrônoma e o escambau.
Com uma revolução estética na música,
Na literatura e nas artes plásticas,
Mas também, na representação de si
Na construção de um ideal de mundo de paz
Sem ódio e sem desigualdades.
Não vou lavar mais pratos.
Na engenharia civil geográfica vamos recriar o mundo
Para um futuro sem pobreza, sem fome
Sem preconceito, sem desigualdades, e racismo
Vamos projetar um mundo sem muros sem guerras
No qual a cor da pele e sexo não restrinja direitos
Na engenharia da informática, vamos desenvolver
Uma máquina para melhorar o mundo
Com novas ideias e viajar no tempo da velocidade
Da luz e mudar a realidade das coisas
E viver na poesia das ideias, das músicas,
Das viagens interplanetárias
Com tratamento de oportunidades,
Com igualdade e fraternidade
Que estejam fundidos numa só aspiração.
Na engenharia química vamos inventar
A química do amor entre as pessoas
Com muitos desafios modernos
E maneiras de amar na diversidade
Queremos construir poços profundos
De minas de petróleo para investir na paz mundial.
Com processo de inclusão cultura total.
Não lavo mais pratos!
Porque vou estar na agronomia construindo
Florestas tropicais, campos cheios de flores.
Criando novos ambientes perfeitos
Produzindo alimentos sadios e sustentáveis
Vamos construir um lugar onde poderemos
Colocar nossas redes e ouvir os passarinhos cantar
Na engenharia eletrônica vamos inventar a
Comunicação da paz para o mundo todo,
Sem fake news, com distribuição de grandes redes
De inteligência e sabedoria
Instalando sistemas complexos de eletricidade
Com a sabedoria de Deus.
Que não haja violência de gênero nem tentativas de homicídios
Misturados com a mecatrônica com conhecimento
De projetar naves que no leve a outra dimensão.
Onde você poderá ficar ali de bobeira consigo mesmo.
E você nem pense em me chamar.
E me dar ordem
E me dizer que violência contra as mulheres é justificável
Ou até mesmo aceitável em certas circunstâncias,
O que é absolutamente inaceitável.
Que a voz dos agressores se coloque
Como vítimas no lugar da mentira.
Hoje entendi que podemos mais, reinventar, transformar
Inventar, criar, produzir, e adubar o mundo
De um amor sincero
Projetar um mundo sem violência
Construindo o progresso em direção A uma sociedade mais justa e igualitária.
Vamos construir prédios de escolas
Para uma educação inteligente
Para crianças com luz, na frequência da gravidade estelar.
Depois de tanto tempo sendo vítima ignorada e explorada
Sendo o sexo frágil, me descobri, mulher forte,
Que pode construir tudo.
Vamos trabalhar incansavelmente
Para construir uma cultura de respeito
E não violência.
Descobri que sem nós mulheres não existirá o outro,
Não existirá você!!!!
E sem nós mulheres, não haverá
A continuidade da engenharia do amanhã.
(Direitos autorais da autora Adelina Maria Martins, poema publicado no livro Todos nós poetas somos da paz, 2025, publicação autorizada nestesite, proibida a reprodução sem autorização da poetisa).
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