Corajosa e combativa homenagem do Deputado Estadual Mário Maurici, do Partido dos Trabalhadores e presidente da Comissão de Relações Exteriores da Alesp, e sua decisão da realização desta Seção Solene da ALESP, comemorativa aos 100 anos da Coluna Miguel Costa - Prestes e 100 anos da Revolução Paulista de 1924, que por semanas tomou o poder no Estado de São Paulo exigindo a renuncia do presidente da oligarquia Artur Bernardes e as urgentes reformas democráticas.
No ato em que os deputados paulistas prestarão suas homenagens estarão presentes Luis Carlos Prestes, filho do Senador Luis Carlos Prestes e comandante da Coluna e Yuri Costa, o neto do comandante Miguel Costa. Será exibido um trecho do filme “São Paulo, cidade aberta”, documentário produzido pelo Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes de São Paulo (CPC-UMES), do diretor Caio Plessmann de Castro e do produtor João Moreirão, os argumentos são de Sérgio Rubens de Araujo Torres. No filme, o diretor reconstrói a Revolução de 1924, com a narração do ator Othon Bastos. No elenco estão João Signoreli (Joaquim Távora), Ney Piacentini (Miguel Costa), Fabio Tomasini (Isidoro Dias Lopes), Álvaro Gomes (Carlos de Campos), Eduardo Parisi (João Cabanas), Marcelo Airoldi (João Alberto), Fábio Pinheiro (Juarez Távora), Luiz Rodolfo Dantas (Macedo Soares).
Comandada pelo General Isidoro Dias Lopes (General da reserva do exército) e Miguel Costa (Comandante da Força Pública de SP) que após o levante de 1922 dos 18 do forte de Copacabana a Revolução Paulista de 1924 foi a maior batalha do inicio dos anos 20, dos brasileiros que lutavam pela democracia e pelo fim da hegemonia da oligarquia do "café com leite", que subordinava o Brasil aos interesses dos grandes fazendeiros, herdeiros dos latifundios das capitanias hereditárias de Portugal e que exportavam para a Inglaterra e Europa café e açucar, mantendo o Brasil desindustrializado e semi colônia da Inglaterra.
Corajoso e combativo o Ato e a iniciativa do Deputado Maurici em realizar esta homenagem, no momento em que SP é governado pelo negacionismo e por um subordinado dos interesses das oligarquias do capital financeiro estrangeiro e das oligarquias entreguistas, associadas a esse capital e que dominam a política em SP - o governador leiloeiro do patrimônio público de plantão nos Bandeirantes.
Importante o ato e o resgate, pois a luta que se iniciou nos anos 20 pela democratização e independência do Brasil, contra as oligarquias entreguistas e subalternas aos interesses estrangeiros do grande capital, persiste e se aprofunda nos dias de hoje.
Três grandes iniciativas marcaram a década de 20 até a vitória da revolução de 1930 comandada por Getúlio Vargas - O levante dos 18 do Forte de Copacabana em 1922, a Revolução em SP de 1924 e como ficou conhecida - a Coluna Prestes que marchou pelo Brasil de 1924 a 1927 derrotando as forças federais em mais de 100 batalhas sem nunca ter sido derrotado.
O levante dos 18 do Forte de Copacabana no RJ foi o grande estopim e marco da coragem e heroismo dos que não aceitavam mais o Brasil subordinado aos presidentes da oligarquia eleitos em pleitos marcados por fraudes e pela ausência de democracia - as eleições "a bico de pena" em que os latifundiários obrigavam seus trabalhadores a votar, em voto aberto, nos candidatos da oligarquia.
Elevado a major e comandante do Regimento de Cavalaria da Força Pública, Miguel Costa, nascido na Argentina e brasileiro por devoção, seria um dos militares que participaram das reuniões preparatórias da Revolta Paulista de 05 de julho de 1924, realizadas em residências particulares, inclusive na sua, e em quartéis de Jundiaí, Itu e Quitaúna, no estado de São Paulo, com a presença de Newton Estillac Leal, João Francisco Pereira de Sousa, Eduardo Gomes e os irmãos Juarez e Joaquim Távora, entre outros oficiais do Exército e da Força Pública.
Miguel Costa forneceu as plantas dos quartéis e edifícios públicos para que Isidoro Dias Lopes e Joaquim Távora preparassem o plano de ocupação da capital.
Ele deveria iniciar as operações à frente do seu regimento, que, apoiado pelo 4º Batalhão de Caçadores (4º BC), cercaria as demais unidades da Força Pública para intimá-las a aderir.
Nesse momento, os destacamentos rebelados já contariam com o apoio do 2º Grupo Independente de Artilharia Pesada (2º GIAP), vindo de Quitaúna, e de elementos do 4º Regimento de Infantaria (4º RI). Garantida a supremacia militar na cidade, os revolucionários ocupariam o palácio do governo, o telégrafo, e as estações ferroviárias, deslocando em seguida para fora da capital dois contingentes.
O primeiro tentaria ocupar o porto de Santos ou, pelo menos, bloquear os pontos de passagem da serra do Mar, e o segundo procuraria consolidar posições no vale do Rio Paraíba, fazendo a junção com o 5º e o 6º RI, sediados em Lorena e Caçapava, cuja adesão ao movimento era esperada.
Os revolucionários acreditavam que, se essas operações fossem realizadas com êxito e em curto espaço de tempo, estaria assegurado o apoio das guarnições sediadas no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e na região sul de Minas Gerais, criando-se então condições favoráveis para a ofensiva em direção ao Rio de Janeiro.
Depois de cinco adiamentos sucessivos, a deflagração do levante foi acertada para 5 de julho de 1924, mesma data do Levante do Forte de Nossa Senhora de Copacabana em 1922. A Revolução de 1924, inspirada pelo levante do RJ de q922, toma o poder por semanas, expulsando o governador, que sai do palácio em direção a Minas Gerais e refugia-se.
A Revolução Paulista, como também é conhecida, marca a determinação dos tenentes e da população civil, que se soma aos revolucionários paulistas, exigindo realizar as mudanças e dispostas a lutar, sem trégua, até que as reformas democráticas fossem adotadas. O maior parque industrial do país teve suas fábricas paralisadas, a mais intensa já travada dentro de uma cidade brasileira. Faltaram alimentos e os revoltosos organizavam a distribuição dos alimentos aos populares com o que havia nos armazéns. Os legalistas desferiram um bombardeio indiscriminado de artilharia, com pesados danos para as residências, indústrias e habitantes. Os civis foram a maioria dos mortos, e um terço dos habitantes tornaram-se refugiados. Com a cidade de São Paulo intensamente bombardeada pelo exercito federal, que atingia e penalisava a população civil, os revolucionários decidiram retirar-se da cidade de forma organizada para evitar mais derramamento de sangue.
Estes dois grandes confrontos haviam deixado o governo federal e seu exército em total alerta e reprimiam, dentro dos quartéis e nas ruas, qualquer manifestação contraria as revoltas militares que se sucediam, com a máxima prontidão, saem em perseguição aos revolucionários paulistas pelo interior do estado, em batalhas que duraram mais algumas semanas e com os revolucionários paulistas na defensiva.
É nesta conjuntura de profunda crise e repressão aos que lutavam pela democracia que o Capitão Luis Carlos Prestes comprometeu-se com a conspiração. Militar disciplinado, não queria se revoltar sujeito ao seu juramento de fidelidade aos poderes constituídos, solicitou licença para tratamento de saúde no início de julho de 1924 e pediu demissão do serviço ativo em setembro. O requerimento foi esquecido na burocracia do Exército e só voltaria à tona em 1935, quando ele foi acusado de deserção. Enquanto estava afastado da tropa, trabalhou como engenheiro civil, instalando a rede de iluminação elétrica de Santo Ângelo e outras cidades e construindo uma ponte ferroviária na região.
Em outubro de 1924, Prestes liderou um grupo de rebeldes na região missioneira do Rio Grande do Sul. Saiu de Santo Ângelo e se dirigiu para São Luís Gonzaga, onde permaneceu por dois meses aguardando munições do Paraná, que não vieram. Aos poucos, foi formando o seu grupo de comandados que vieram de várias partes da região. Rompendo o famoso "anel de ferro" propagado pelos governistas, rumou com sua recém-formada coluna para o norte até Foz do Iguaçu. Na região sudoeste do estado do Paraná, o grupo se encontrou e juntou-se aos paulistas, formando o contingente rebelde chamado de Coluna Prestes, ou Coluna Miguel Costa-Prestes, com 1 500 homens. Com maestria militar desenvolve a estratégia da "guerra de movimento", fazendo com que a coluna marchasse com rapidez e escolhesse os melhores momentos para as batalhas que pudessem enfraquecer e vencer o exército federal, que era dez vezes mais numeroso do que os revolucionários gauchos.
Luis Carlos Prestes, filho de Antonio Pereira Prestes e Maria Leocádia Felizardo Prestes, formou-se no secundário no Colégio Militar e no superior pela Escola Militar do Realengo no Rio de Janeiro, através da qual ingressou no Exército Brasileiro em fevereiro de 1916. Prestes foi o primeiro de sua turma no Colégio Militar e na Escola Militar, formando-se como oficial da Arma da Engenharia em dezembro de 1919, recebendo o diploma de bacharel em ciências físicas e matemáticas. Seus companheiros de turma foram a geração inicial do tenentismo, como Juarez Távora, Antônio de Siqueira Campos, Carlos da Costa Leite, Eduardo Gomes, Osvaldo Cordeiro de Farias, Newton Prado e Landerico de Albuquerque Lima. Ele foi engenheiro ferroviário na 1.ª Companhia Ferroviária de Deodoro, como tenente, e durante o ano de 1921 foi instrutor na Escola Militar até o final desse ano, quando voltou à Companhia Ferroviária. Sendo mais tarde transferido ao 1.º Batalhão Ferroviário, em Santo Ângelo, onde foi chefe da seção de construção e foi promovido a capitão.
O governo federal estabeleceu o estado de sítio e intensificou a repressão política, reforçando o aparato militar e a repressão política ; em São Paulo, criou-se uma Delegacia de Ordem Política e Social o Deops - largamente utilizado depois pela Ditadura Militar de 1964.
A grande marcha comandada por Prestes era militar e civil, com características de um movimento popular pois a maioria de seus soldados eram principalmente trabalhadores do campo, analfabetos e semianalfabetos, na maioria negros. Cerca de cinquenta mulheres participaram da marcha, quase todas originarias do Destacamento Gaúcho. Muitas dessas mulheres chegaram a combater do lado dos revoltosos.
Após uma invasão frustrada ao sul de Mato Grosso (a Batalha de Três Lagoas), os revolucionários paulistas entrincheiraram-se no oeste do Paraná, onde se uniram aos revolucionários do Rio Grande do Sul para formar a Coluna Miguel Costa-Prestes.
Em 3 de abril de 1925, Prestes e Miguel Costa se encontraram na localidade de Benjamim Constant (Paraná) e decidiram agrupar suas forças para seguir até o estado de Mato Grosso.
No dia 12 de 1925, ambos se reuniram em Foz do Iguaçu com os generais Isidoro e Bernardo Padilha, o coronel Mendes Teixeira e os majores Álvaro Dutra, Demont e Asdrúbal Gwyer de Azevedo. Naquela ocasião, Isidoro sugeriu que tomassem o rumo do exílio, mas foi contestado por Prestes e Miguel Costa, que defendiam uma estratégia de guerra de movimento. Desse modo, surgiu a Coluna Miguel Costa-Prestes. Isidoro Dias Lopes, então com 60 anos de idade, foi para a Argentina por ser muito idoso para participar do tipo de luta que se desenvolveria.
A união dos revolucionários gauchos com os paulistas dá inicio a Grande Marcha, que teve importância fundamental para a história do Brasil, porque teve caráter nacional e enfraqueceu o governo oligárquico, abrindo caminho para a Revolução vitoriosa de 1930.
Durante os 21 meses em que percorreu uma extensão de 25.000 km, através de 10 estados brasileiros, a 1ª Divisão Revolucionária foi duramente combatida pelo governo que mobilizou contra ela um vasto aparato militar composto por forças regulares do Exército, polícias militares de quinze estados, jagunços e cangaceiros.
Tendo ocupado, ao longo da marcha, mais de 500 cidades e vilas, os revolucionários encerraram a campanha, em fevereiro de 1927, cercados por uma aura de invencibilidade e prestígio que feriu de morte o poder da oligarquia cafeeira paulista.
Esta conseguiria manter ainda, por mais alguns anos, o seu domínio sobre a vida nacional. Porém, a nova onda revolucionária que se ergueria em 1930, sob o comando de Getúlio Vargas, levaria de roldão o velho regime baseado na submissão aos interesses do imperialismo inglês, na política de valorização artificial do café – às custas do empobrecimento dos demais setores da sociedade – e na imposição de um sistema eleitoral notoriamente fraudulento.
A 1ª Divisão Revolucionária iniciou sua marcha pelo Brasil em 1924, contra o assalto da oligarquia cafeeira paulista, que submetia o Brasil ao imperialismo inglês e ao atraso.
O período de lutas culminou com a Revolução de 1930, que levou Getúlio à Presidência, colocando na ordem do dia a reconstrução e o desenvolvimento
(Texto extraido do artigo "A Grande Marcha" de Sérgio Rubens de Araujo Torres - publicado na HORA DO POVO em 18/08/2007)
Luiz Carlos Prestes “marcou a história do Brasil mais do que qualquer outro”. Do ponto de vista militar, comandou “a primeira longa marcha do século XX, uma das mais fantásticas proezas militares (guerrilheira em sua concepção e execução) de que se teve notícia até que Mao Tsé-Tung, anos depois, assombrou o Oriente com a sua longa marcha” (O Estado de S. Paulo, 8 de março de 1990).
Tempos depois Prestes, já então Secretário Geral do Partido Comunista Brasileiro, ouviria do Presidente da China Mao Tse Tung, que havia aprendido muito com a experiência da Coluna Prestes.
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