REFLEXÕES SOBRE O VERMELHO NAS CORES DAS BANDEIRAS NOS PAÍSES DO PLANETA TERRA
- EngD
- 11 de ago.
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Henrique Luduvice

Os brasileiros têm o direito de se orgulhar ao vestir indumentárias que destacam o verde, amarelo, azul e branco da bandeira do seu País. Este é um direito consagrado a todos. Sem exceções. Acrescente-se, inclusive, que a nenhum grupo específico de nacionais é concedida a prerrogativa de se apropriar isoladamente das cores do pavilhão que nos identifica como Nação.
Registre-se, porém, que em determinadas manifestações públicas, no auge de posicionamentos políticos, alguns segmentos proclamam em brados repletos de conotações agressivas, que o lábaro estrelado do Brasil, além de representá-los de forma quase exclusiva, jamais será vermelho.
Em certas passagens, durante tais atos, ocorrem tentativas de indução que visam confundir e desvirtuar o real significado de tal coloração que, integrada ao azul e ao amarelo compõem, na teoria dos pigmentos, as três cores primárias, das quais, aprende-se nas escolas, derivam-se as demais.
Em resumo, desconhecem ou desprezam, liminarmente, emblemáticas histórias, além dos diversos contextos locais e internacionais em que o País sempre esteve inserido.
Necessário se faz, de imediato, realçar que o rubro se encontrava presente de forma sublime e proeminente, segundo historiadores, nas onze primeiras bandeiras que distinguiram o Brasil após o desembarque dos portugueses de suas caravelas no ano de 1500. Sem contestações. As sucessivas alterações ocorridas naqueles períodos eram emanadas, geralmente, por iniciativas do Império português. Em sequência, implementadas por àqueles que o representavam nessas paragens durante a época colonial.
Ressalte-se que mesmo após o alcance da independência há quase 203 anos, no já longínquo 07 de setembro de 1822, os Impérios instalados no Brasil e comandados respectivamente por D. Pedro I e D. Pedro II, mantiveram este conceito, respeitando a tradição, até então, vigente.
Portanto, apenas a partir da Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, e nas duas bandeiras subsequentes a este fato histórico, as cores verde, amarelo, azul e branco se impuseram no pendão que notabiliza o Brasil. A primeira, que se inspirava na americana, teve vigência de apenas quatro dias. Foi posteriormente substituída pela atual, que nos exprime como Nação desde 19 de novembro daquele ano. Esta configuração vem sendo devidamente respaldada pelos diversos textos constitucionais, incluindo o último, promulgado em 1988.
A esta altura, faz-se relevante adendar que dentre as 195 Nações reconhecidas pela ONU (entre países membros e observadores) e as demais (recepcionadas pelo COI nas Olimpíadas), a maioria ostenta com orgulho o colorado em seus símbolos. E, consigne-se, que tal realidade se reproduz independentemente dos sistemas de governo desses países com as quais o Brasil se relaciona nos campos institucional, comercial e esportivo, nos vários continentes do Planeta Terra.
Verifica-se, adicionalmente, que, em geral, o vermelho exposto nessas bandeiras simboliza guerras ou lutas em busca de autonomia, emancipação, liberdade, desenvolvimento e progresso. Ou, de forma singular, o amor, o fogo, a paixão. Tal cor se caracteriza ainda, nessas flâmulas e estandartes, por retratar ação, coragem, energia, força, poder, sangue ou vitória na perseguição de objetivos compartilhados por cidadãos, povos e civilizações.
Em raras situações, este fato está relacionado a governanças e regimes implantados, ou mesmo a quaisquer vieses políticos de instituições em eventuais comandos desses Estados.
A afirmativa antecedente assume contornos extraordinários quando se observa que três Nações da América do Norte, a saber Canadá, EUA e México, além da Groenlândia, região autônoma vinculada ao Reino da Dinamarca, estampam o encarnado em seus pavilhões. Na América Central o fazem, em meio a outros, Belize, Costa Rica, Cuba, Haiti, República Dominicana, Panamá, Trinidad e Tobago.
Na Europa, incluindo os mais recentes desdobramentos territoriais, distingue-se, a título de ilustração, a Áustria, Alemanha, Bélgica, Eslovênia, Eslováquia, Espanha, França, Holanda, Hungria, Inglaterra e Itália. E, ainda, Luxemburgo, Mônaco, Montenegro, Portugal, Polônia, República Tcheca e Suíça. No ambiente rotulado como escandinavo, Dinamarca e Noruega. Complementarmente, percebe-se que o equivalente acontece na Rússia, que se espraia por dois importantes continentes.
Na África, fração considerável daquelas sociedades adotaram o rubro, algumas em razão do passado colonial europeu, evidenciando-se a África do Sul, Angola, Chade, Egito, Etiópia, Gana, Guiné, Libéria, Madagascar, Mali, Marrocos, Moçambique, Quênia, Tunísia, Uganda, Zimbábue, entre tantos. Na Oceania, pode-se citar como exemplos Austrália, Fiji, Guam, Nova Zelândia, Polinésia, Samoa, Tuvalu e Vanuatu.
Na Ásia, é possível mencionar Azerbaijão, Bangladesh, China, Coréia do Sul, Filipinas, Geórgia, Iran, Iraque, Indonésia, Japão, Kuwait, Laos, Mongólia, Nepal, Qatar, Tailândia, Taiwan, Turquia e Vietnam. Outros poderiam se somar a esta lista.
A América do Sul expõe, em suas veias abertas, uma contundente comprovação: neste espaço do planeta, somente a Argentina, o Brasil e o Uruguai não contêm o colorado em seus pendões. Todos os vizinhos, limítrofes ou não, vide Bolívia, Colômbia, Chile, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela, bem como o território da Guiana Francesa, introduziram a citada cor em seus estandartes.
Evidencie-se que este Artigo pretende compartilhar conteúdos e informações que propiciem debates em elevado nível, disponibilizando mais luzes sobre o tema em tela. Afinal, estudos demonstram que o vermelho se encontra na história de inúmeras Cidades, Estados ou Países, independentemente das teses ou ideologias em evidência ao longo dos respectivos percursos. Verifica-se, em corroboração à tese esgrimida, que as Nações componentes do G7, todas ocidentais, capitalistas e poderosas, destacam o vermelho em suas bandeiras.

Finalizando, o texto visa contribuir para evitar que certos padrões de exacerbação, muitas vezes motivados por mera ausência de informações, se transformem em desnecessários exercícios de ignorância ou hostilidade. Ou, ainda, que o obscurantismo sobre o tema seja bússola a guiar eventos e pronunciamentos públicos de parcelas das populações. De quaisquer Países, inclusive, do Brasil.
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